São Paulo, sábado, 19 de dezembro de 1998

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POLÍTICA MONETÁRIA

BC subestimou a gravidade da crise russa

da Sucursal de Brasília

O Banco Central subestimou a gravidade da crise russa, no início de setembro, e aplicou uma medida suave demais para enfrentar a fuga de dólares do país, que já atingia US$ 9,5 bilhões desde agosto.
É o que revelam as notas da reunião de 2 de setembro do órgão do BC responsável por fixar os juros, o Copom (Comitê de Política Monetária), que são divulgadas com três meses de defasagem.
"Embora houvesse expectativa de deterioração do cenário internacional, concordou-se que o aprofundamento da crise não seria inexorável", dizem as notas.
Confiando em sua capacidade para enfrentar a crise, o BC adotou uma resposta gradual, em vez de promover um choque de juros, como fez na crise asiática.
Seu plano era subir aos poucos a taxa de juros, que estava em 19% anuais no início de setembro. Ela atingiria 29,75% em 1º de outubro, caso a fuga de dólares do país continuasse.
O Copom montou uma engenharia para que isso ocorresse. Aumentou o teto dos juros, a Tban (Taxa Básica do BC), de 25,75% para 29,75% anuais. Ao mesmo tempo, reduziu o piso dos juros, a TBC (Taxa Básica do BC), de 19,75% para 19% anuais.
Mas os planos deram errado e, dois dias depois, o BC abandonou a estratégia gradualista e aumentou os juros para 29,75%, de uma só vez. Essa reação foi insuficiente e, uma semana depois, o teto foi a 49,75% anuais.



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