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Exportações de álcool têm queda de 14%
Produção recorde de combustível a partir do milho nos Estados Unidos reduz pretensão brasileira de aumentar embarques
Previsão para 2008 aponta
para estabilidade ou, no
máximo, ligeiro aumento
no volume das vendas para
outros países, diz indústria
DA SUCURSAL DO RIO
Animados inicialmente com
a visita do presidente dos EUA,
George W. Bush, em março do
ano passado, produtores de álcool viram as expectativas com
o aumento das exportações se
frustarem. As vendas externas
do produto caíram de 3,6 bilhões de litros em 2006 para 3,2
bilhões de litros, segundo dados da Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar). Trata-se de uma redução de 14%.
Como a possibilidade de exportações maiores para os
EUA, o setor chegou a estimar
vendas ao exterior de até 5 bilhões de litros em 2007. A meta
não se concretizou especialmente por causa da queda de
preço do álcool produzido a
partir do milho no mercado
americano, em razão da produção recorde do ano passado.
As expectativas para 2008
não são nada alvissareiras: o setor estima exportações no mesmo nível ou, no máximo, um
pouco maiores do que em 2007.
"O mercado externo não deve crescer no curto prazo. Uma
expansão depende de os EUA
definirem uma nova política de
subsídios e de proteção", diz o
diretor-técnico da Unica, Antonio Pádua.
Os EUA protegem a produção de álcool de milho com barreiras tarifárias e subsídios que
somam US$ 0,54/litro, o que
reduz a competitividade do álcool brasileiro, embora o produto tenha custo mais baixo.
Por causa do forte protecionismo americano, o Brasil só
consegue vender álcool aos
EUA quando os preços do produto estão muito elevados. Não
foi o que aconteceu em 2007,
quando houve uma superprodução e os preços caíram.
"A entrada muito forte de novos investimentos nos EUA aumentou a produção e fez os preços caírem, fechando uma janela de exportação para o álcool
brasileiro", avalia Rogério
Manso, vice-presidente da
Brenco. A empresa, constituída
por investidores brasileiros e
estrangeiros, planeja construir
oito usinas no país.
José Carlos Toledo, presidente da Udop (União dos Produtores de Bioenergia), também se mostra cético quanto à
expansão das exportações brasileiras. "O grande problema é o
protecionismo", diz.
Para o BNDES, EUA e Europa retardam a abertura dos
seus mercados até que consigam desenvolver tecnologia para a produção em larga escala
do álcool de segunda geração (a
partir da celulose) a preço competitivo. "Os EUA não vão fazer
grandes concessões [ao Brasil].
A troco do que eles vão abrir o
mercado?", indaga Paulo Faveret, gerente do Departamento
de Biocombustíveis do banco.
Faveret acredita que o grande potencial está no mercado
doméstico, alavancado pelas
vendas de carros flex.
"A visita do Bush foi melhor
para ele do que para o Brasil.
Não há sinal de abertura do
mercado americano. Ao contrário, eles estão entrando com
apetite na produção de álcool e
no desenvolvimento da segunda geração", afirma o especialista Aldo Castelli, ex-presidente da Shell no Brasil.
Japão
Outra promessa que só ficou
nas intenções era a exportação
para o Japão, que estuda há
mais de dois anos acrescentar
2% de álcool à gasolina. O país
asiático quer garantia de suprimento. Por isso, a Petrobras
entrou na negociação, que até
agora não deslanchou.
"O Japão quer contratos de
longo prazo, de 15 anos", disse
Paulo Roberto Costa, diretor de
Abastecimento da Petrobras,
que prospecta projetos de usinas nas quais será minoritária
com a japonesa Mitsui.
(EL e PS)
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