São Paulo, quarta-feira, 20 de março de 2002

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Bird e BID só fazem caridade, diz Caramuru

ENVIADO ESPECIAL A MONTERREY

O governo brasileiro criticou ontem os bancos multilaterais por fazerem "caridade" em vez de ajudarem países pobres e emergentes a crescer.
Durante conferência sobre o financiamento da ONU em Monterrey, no México, o embaixador Marcos Caramuru, um dos representantes brasileiros no evento, condenou a prevalência de doações para projetos sociais nas atividades do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e do Bird (Banco Mundial).
"A cooperação deveria servir para integrar os países aos fluxos do comércio e investimento, e não só para fazer caridade. É preciso romper o tabu desses organismos de não financiar o comércio exterior e fazê-los voltar a investir em infra-estrutura", disse Caramuru.
O embaixador brasileiro, que participou da mesa-redonda "Parcerias no Financiamento ao Desenvolvimento", defendeu uma maior participação dos bancos multilaterais no financiamento dos fluxos comerciais.
"Devido às crises dos países em desenvolvimento nos anos 70 e 80, esses bancos reduziram seu envolvimento com o setor privado na década de 90", disse Caramuru. "Passaram a centrar seus esforços em programas diretos de redução de pobreza. O problema é que bancos privados continuam resistindo a emprestar recursos para as exportações de países pobres e para setores de infra-estrutura de países em desenvolvimento, como os energético e de saneamento."

Barreiras comerciais
Caramuru e a delegação da Argentina também pediram à ONU uma campanha adicional para forçar países ricos a reduzir suas barreiras comerciais. A delegação da França opôs-se à idéia argumentando que um compromisso político sobre o cronograma já foi feito na reunião da OMC (Organização Mundial do Comércio), em Doha, no Qatar.
(MARCIO AITH)

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