São Paulo, quarta-feira, 20 de março de 2002

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Tradutores da ONU pousam na Monterrey errada

MARCIO AITH
ENVIADO ESPECIAL A MONTERREY

Se a ONU (Organização das Nações Unidas) combater a pobreza com a mesma competência com a qual organiza conferências, a miséria mundial terá vida longa.
Quando o avião em que estavam aproximava-se de Monterrey, tradutores alemães contratados pela ONU ficaram impressionados com a simetria dos quarteirões e com o visual moderno dos subúrbios da cidade. Ao desembarcarem, descobriram que tal entusiasmo devia-se ao fato de terem chegado à cidade errada. Por um erro de comunicação, o piloto alemão os conduziu para Monterrey, na Califórnia, a 2.300 quilômetros de Monterrey, no México, onde se realiza a conferência da ONU sobre o financiamento ao desenvolvimento.
Devido à confusão, as discussões ministeriais foram conduzidas sem tradutores nos dois primeiros dias da conferência. Normalmente, a ausência de tradutores não causaria tanto estrago porque, apesar do sotaque forte de alguns dos embaixadores na ONU, todos falam inglês.
No entanto, o sistema de som também entrou em colapso. Microfones não funcionaram direito na segunda-feira e na manhã de ontem. Como algumas das salas em que as reuniões oficiais ocorrem têm 300 metros quadrados, ninguém pôde ouvir direito o que se falava.
Discursos sobre ajuda oficial a países pobres, comércio e arquitetura financeira internacional foram feitos sem que ninguém entendesse o que era dito.
O som foi parcialmente normalizado ontem à tarde. Autoridades da ONU culparam técnicos locais pelo problema.
Com relação aos tradutores, o problema teria sido causado pela agência alemã que organizou a viagem dos tradutores e confundiu as duas cidades.

Hotéis
A ONU só não achou uma resposta para um terceiro problema: não sabe ainda por que sua decisão de concentrar todas as reservas de hotéis nas mãos de uma empresa privada local acabou deixando mais de cem pessoas sem ter onde dormir.
Há seis meses, a ONU congelou todas as reservas de hotéis na cidade e obrigou os participantes da conferência a solicitar hospedagem a uma empresa chamada "Convenções Profissionais de Monterrey". A empresa perdeu a lista indicando em que hotel cada pessoa deveria ficar.



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