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Tradutores da ONU pousam na Monterrey errada
MARCIO AITH
ENVIADO ESPECIAL A MONTERREY
Se a ONU (Organização das Nações Unidas) combater a pobreza
com a mesma competência com a
qual organiza conferências, a miséria mundial terá vida longa.
Quando o avião em que estavam aproximava-se de Monterrey, tradutores alemães contratados pela ONU ficaram impressionados com a simetria dos quarteirões e com o visual moderno dos
subúrbios da cidade. Ao desembarcarem, descobriram que tal
entusiasmo devia-se ao fato de terem chegado à cidade errada. Por
um erro de comunicação, o piloto
alemão os conduziu para Monterrey, na Califórnia, a 2.300 quilômetros de Monterrey, no México,
onde se realiza a conferência da
ONU sobre o financiamento ao
desenvolvimento.
Devido à confusão, as discussões ministeriais foram conduzidas sem tradutores nos dois primeiros dias da conferência. Normalmente, a ausência de tradutores não causaria tanto estrago
porque, apesar do sotaque forte
de alguns dos embaixadores na
ONU, todos falam inglês.
No entanto, o sistema de som
também entrou em colapso. Microfones não funcionaram direito
na segunda-feira e na manhã de
ontem. Como algumas das salas
em que as reuniões oficiais ocorrem têm 300 metros quadrados,
ninguém pôde ouvir direito o que
se falava.
Discursos sobre ajuda oficial a
países pobres, comércio e arquitetura financeira internacional foram feitos sem que ninguém entendesse o que era dito.
O som foi parcialmente normalizado ontem à tarde. Autoridades
da ONU culparam técnicos locais
pelo problema.
Com relação aos tradutores, o
problema teria sido causado pela
agência alemã que organizou a
viagem dos tradutores e confundiu as duas cidades.
Hotéis
A ONU só não achou uma resposta para um terceiro problema:
não sabe ainda por que sua decisão de concentrar todas as reservas de hotéis nas mãos de uma
empresa privada local acabou
deixando mais de cem pessoas
sem ter onde dormir.
Há seis meses, a ONU congelou
todas as reservas de hotéis na cidade e obrigou os participantes
da conferência a solicitar hospedagem a uma empresa chamada
"Convenções Profissionais de
Monterrey". A empresa perdeu a
lista indicando em que hotel cada
pessoa deveria ficar.
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