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Auxílio depende de bom governo dos "ajudados"
DO ENVIADO ESPECIAL A MONTERREY
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, chegou ontem ao México com a proposta do que chama
de "grande acordo" entre ricos e
pobres, a ser fechado em Monterrey, durante a Conferência Internacional sobre Financiamento do
Desenvolvimento.
Os pobres entrariam com tudo
o que couber sob o rótulo de "boa
governança", uma das expressões
da moda no mundo diplomático:
democracia, instituições sólidas,
transparência, eliminação ou ao
menos redução da corrupção. Os
ricos fariam, então, mais doações,
abririam mais seus mercados e
dariam alívio da dívida.
Em tese, até faz certo sentido, se
se esquecer o fato de que foram os
países ricos, durante a Guerra
Fria, que estimularam os piores tipos de governança no Terceiro
Mundo. George Soros, o megainvestidor, lembra, aliás, que, após
os atentados terroristas de 11 de
setembro nos EUA, o padrão
"Guerra Fria" voltou.
"Os Estados Unidos estão dando suporte aos aliados sem levar
em conta o tipo de governo que
têm", espeta Soros (e, de fato, o
Paquistão não é exatamente
transparente ou democrático,
mas ganhou ajuda tanto dos EUA
como da Europa).
Segundo problema: os pobres
dos países com maus governos serão os grandes prejudicados se
não houver ajuda externa por
conta dos pecados de seus líderes.
Seja como for, o "grande acordo" acabará por se impor, pela
disparidade de força entre ricos e
pobres. Passará a valer a lógica de
mercado, assim definida na semana passada pelo presidente George W. Bush: "Maiores contribuições das nações desenvolvidas devem ser vinculadas a maiores responsabilidades de parte das nações em desenvolvimento".
(CR)
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