São Paulo, quarta-feira, 20 de março de 2002

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ARGENTINA

Duhalde vê 25% de chance de superar crise

FABRICIO VIEIRA
DE BUENOS AIRES

A Argentina tem hoje 25% de chance de se recuperar da crise que consome o país. Ao menos é o que pensa o presidente Eduardo Duhalde, que afirma que esse panorama pode melhorar quando se chegar a um acordo de ajuda financeira com o Fundo.
"Mas, se por qualquer motivo, essa ajuda financeira não chegar, teremos de nos preparar para uma economia de guerra, muito mais dolorosa [que a atual"."
Para Duhalde, o país já fez o suficiente para receber socorro do Fundo e, consequentemente, de outros organismos internacionais. "Isso deve acontecer inclusive por uma questão política, de tranquilidade na América Latina." Mas o governo argentino continua seu trabalho para se ajustar às exigências deixadas pelo chefe da missão do Fundo que passou pela Argentina, Anoop Singh.
O presidente já pediu ao ministro de Justiça, Jorge Vanossi, que analise modificar ou derrubar a lei de "subversão econômica". Singh pediu modificações na lei por considerá-la abusiva e trazer insegurança jurídica.
"Quando assumi, minha mulher perguntou que chance tínhamos de recuperação e eu respondi que não mais que 10%. Hoje, penso que temos 25% de chance", afirmou Duhalde, em entrevista ao "Ambito Financiero".
O presidente argentino admitiu que podem ser necessárias mudanças em seu gabinete. "Mas para fazer essas mudanças tenho de contar com a possibilidade de integrar grandes figuras, como José Manual de la Sota [governador de Córdoba"." Rumores de mudanças no gabinete de Duhalde rondam o governo há semanas.
O nome mais cotado para ser cortado, segundo analistas políticos, é o do atual chefe de gabinete, Jorge Capitanich. Para alguns analistas, a permanência de Lenicov frente à Economia está ligada ao sucesso das negociações com o Fundo. O presidente afirmou que tomou a decisão de desvalorizar o peso porque Lenicov o aconselhou.
Uma das exigências do Fundo que mais tem preocupado o governo é a liberação total do câmbio, com o fim das intervenções do Banco Central para tentar conter a alta do preço do dólar. Ontem o ministro da Economia, Jorge Remes Lenicov, convocou uma reunião de urgência para discutir o assunto. O dólar fechou com alta de 0,8%, a 2,47 pesos.
O governo conta com a liberação de US$ 9 bilhões pelo Fundo. Esses recursos são pendentes do programa interrompido pelo FMI em dezembro do ano passado. Além do dinheiro do Fundo, Duhalde espera a liberação de US$ 2 bilhões de outros organismos internacionais.

Voto definido
Duhalde afirmou ontem que a Argentina condenará as violações dos direitos humanos em Cuba na ONU. "Temos de reafirmar qual é nossa concepção de direito humano." Na semana passada, o Senado aprovou um projeto de comunicação em que instava o Executivo a não condenar Cuba.



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