DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Horas antes de o Banco Central anunciar a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) sobre a taxa básica de juros, o presidente da instituição, Henrique Meirelles, manifestou a senadores otimismo sobre o comportamento dos índices de preços.
Segundo senadores ouvidos pela Folha, Meirelles teria dito durante esse encontro que a tendência de queda da inflação verificada nas últimas semanas demonstra que os aumentos de juros começam a surtir o efeito desejado. Desde janeiro, o BC subiu os juros em 1,5 ponto percentual.
O presidente do BC recebeu, em café da manhã na sede da instituição, líderes no Senado de quase todos os partidos. Não compareceram somente os líderes de PFL, PSDB -partidos que fazem oposição ao governo Lula- e PMDB. Os principais pontos discutidos foram os aumentos dos juros, as altas taxas cobradas pelos bancos nos empréstimos, a alta da inflação e cenário de guerra.
Segundo o senador Fernando Bezerra (PTB-RN), Meirelles reconheceu que o aumento de juros é ruim para a economia, mas afirmou que hoje é melhor caminho para combater a alta da inflação.
De acordo com Bezerra, Meirelles teria dito que uma das principais preocupações hoje do BC é reduzir o risco-país (juros que o país paga acima das taxas dos papéis do Tesouro americano para rolar a dívida externa pública), que tem forte peso na formação dos juros cobrados no mercado interno.
Segundo Bezerra, Meirelles teria afirmado que o país tem como chegar ao final deste ano com taxa de risco de 700 pontos-base (sete pontos percentuais). Ele disse que a meta é encerrar o mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com taxa de risco-país em torno de 300 pontos, mesmo nível que paga o México hoje. Ontem, o risco-país fechou em alta, a 1.078 pontos.

Superávit
Bezerra contou que Meirelles ressaltou também a importância da meta de superávit primário (receitas menos despesas, sem incluir gastos com juros da dívida) para reduzir a proporção da dívida pública em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) -um dos indicadores que afetam o risco-país.
O senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) disse que Meirelles não quis se estender muito sobre o cenário de guerra. Segundo ele, o presidente do BC disse estar apreensivo como todo mundo, mas ressaltou que a Petrobras tem condições de atender praticamente toda a demanda do país por petróleo.


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