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São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 2003

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Economista vê vantagem com guerra rápida

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Por mais irônico que pareça, o impacto da guerra entre Estados Unidos e Iraque pode até ser positivo sobre a economia brasileira se o conflito tiver curta duração, segundo alguns economistas.
O raciocínio é o seguinte: se os EUA conseguirem mostrar, em curto prazo, que a guerra está resolvida, a tensão que vive o mercado mundial pode dissipar-se e até inverter o cenário de crise econômica de alguns países.
"O fim das incertezas por conta da guerra pode movimentar a economia norte-americana, que vem crescendo lentamente. E o Brasil pode ser beneficiado com isso. Pode exportar mais para os EUA", diz José Márcio Camargo, professor de economia da PUC-RJ. "Conto com um conflito curto, pois a diferença de forças entre os dois países é brutal."
Quando a economia dos Estados Unidos cresce, a de outros países vai atrás. "Por mais absurdo que pareça, a economia norte-americana vai crescer ainda por causa dos gastos com a guerra, que estimulam as indústrias de vários setores", afirma Fernando Sarti, economista da Unicamp.
Mas, segundo Sarti, há um problema. No médio prazo, mesmo que a guerra seja curta, ela vai deixar uma marca. "O fato de os Estados Unidos ignorarem a decisão da ONU contra a guerra coloca em risco também os acordos entre os países, como a Alca. Isso pode ter impacto negativo para o Brasil."
Fábio Silveira, economista da MB Associados, tem a mesma opinião. "As relações comerciais entre os países estão abaladas, o que quer dizer que a União Européia e os Estados Unidos poderão até aumentar o protecionismo. Depois de uma guerra como essa, um inglês e um francês sentados à mesma mesa de negociações poderão até trocar sapatadas."
Andrei Spacov, economista do Unibanco, acha difícil o conflito entre EUA e Iraque ter impacto no Brasil. "Uma guerra com atentados terroristas poderia ter efeito maior sobre o Brasil, pois pode inibir os investidores estrangeiros. Mas a probabilidade de isso acontecer é muito pequena", diz.
Paulo Feldmann, diretor da consultoria BearingPoint, diz que o desempenho da economia brasileira não deve ser comprometido por conta da guerra, nem mesmo com uma eventual alta do preço do petróleo. "A Venezuela, por exemplo, já anunciou que ajudaria o Brasil com petróleo", diz.


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