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Economista vê vantagem com guerra rápida
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
Por mais irônico que pareça, o
impacto da guerra entre Estados
Unidos e Iraque pode até ser positivo sobre a economia brasileira
se o conflito tiver curta duração,
segundo alguns economistas.
O raciocínio é o seguinte: se os
EUA conseguirem mostrar, em
curto prazo, que a guerra está resolvida, a tensão que vive o mercado mundial pode dissipar-se e
até inverter o cenário de crise econômica de alguns países.
"O fim das incertezas por conta
da guerra pode movimentar a
economia norte-americana, que
vem crescendo lentamente. E o
Brasil pode ser beneficiado com
isso. Pode exportar mais para os
EUA", diz José Márcio Camargo,
professor de economia da PUC-RJ. "Conto com um conflito curto, pois a diferença de forças entre
os dois países é brutal."
Quando a economia dos Estados Unidos cresce, a de outros
países vai atrás. "Por mais absurdo que pareça, a economia norte-americana vai crescer ainda por
causa dos gastos com a guerra,
que estimulam as indústrias de
vários setores", afirma Fernando
Sarti, economista da Unicamp.
Mas, segundo Sarti, há um problema. No médio prazo, mesmo
que a guerra seja curta, ela vai deixar uma marca. "O fato de os Estados Unidos ignorarem a decisão
da ONU contra a guerra coloca
em risco também os acordos entre os países, como a Alca. Isso pode ter impacto negativo para o
Brasil."
Fábio Silveira, economista da
MB Associados, tem a mesma
opinião. "As relações comerciais
entre os países estão abaladas, o
que quer dizer que a União Européia e os Estados Unidos poderão
até aumentar o protecionismo.
Depois de uma guerra como essa,
um inglês e um francês sentados à
mesma mesa de negociações poderão até trocar sapatadas."
Andrei Spacov, economista do
Unibanco, acha difícil o conflito
entre EUA e Iraque ter impacto
no Brasil. "Uma guerra com atentados terroristas poderia ter efeito
maior sobre o Brasil, pois pode
inibir os investidores estrangeiros. Mas a probabilidade de isso
acontecer é muito pequena", diz.
Paulo Feldmann, diretor da
consultoria BearingPoint, diz que
o desempenho da economia brasileira não deve ser comprometido por conta da guerra, nem mesmo com uma eventual alta do preço do petróleo. "A Venezuela, por
exemplo, já anunciou que ajudaria o Brasil com petróleo", diz.
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