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TRABALHO
Pesquisa do Dieese mostra pior resultado obtido em negociações salariais desde 1999; setor de serviços é o mais afetado
Inflação bate salários em 45% dos acordos
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Mais de quatro em cada dez
acordos salariais feitos no ano
passado não conseguiram repor
as perdas causadas pela inflação
nos salários. Esse é pior resultado
obtido nas negociações salariais
desde 99, quando metade das categorias profissionais conseguiu
reajustes insuficientes para manter o poder de compra.
A crise econômica -agravada
no segundo semestre de 2002 pela
alta do dólar e pela retomada da
inflação e aliada às altas taxas de
desemprego e ao cenário de instabilidade por causa das eleições-
emperrou e afetou as negociações
entre patrões e empregados.
Pesquisa nacional do Dieese
mostra que 45,29% das 499 categorias que fizeram acordos de janeiro a dezembro obtiveram reajustes abaixo do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor)
do IBGE. Ou seja, 226 categorias
não conseguiram zerar a variação
do índice nos 12 meses anteriores
a cada data-base. Em 2001, 36%
das 529 categorias pesquisadas tiveram reajustes abaixo do INPC.
No ano passado, 54,7% das negociações coletivas (273 categorias) resultaram em reajustes
iguais ou superiores à inflação
contra 64% em 2001. Essa taxa foi
de 67% há três anos.
"A maior faixa de reajustes concedidos acima da inflação ficou
no intervalo de 0% a 2% superiores ao INPC", disse o coordenador de atendimento técnico do
Dieese, Wilson Amorim. Houve
redução nos ganhos reais conquistados. No ano passado, apenas 17 categorias conseguiram
reajustes acima de 2% do INPC
contra 58 em 2001.
Os resultados do ano passado
foram semelhantes aos de 1997
-quando 55% das categorias obtiveram reajustes iguais ou superiores à inflação. Naquele ano, o
desemprego medido pelo Dieese
na região metropolitana de São
Paulo passou de 13,1% em janeiro
para 16,6% em dezembro e o crescimento da economia foi de 3,3%,
de acordo com o IBGE. No ano
passado, o país cresceu 1,52%.
Entre as categorias com data-base no segundo semestre, consideradas mais combativas, o percentual de acordos com reajustes
iguais ou acima da inflação foi
menor -52,4% contra 56,2% das
que negociam no 1º semestre. "No
grupo de categorias nacionais, como bancários e petroleiros, os 15
acordos feitos em 2002 ficaram
abaixo da inflação", disse Amorim. Essas duas categorias negociaram, entretanto, participação
nos lucros e abonos.
O setor de serviços teve o pior
resultado -69% dos acordos ficaram abaixo da inflação. "Com a
renda em queda, o consumo cai e
o setor de serviços é diretamente
afetado", disse Amorim.
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