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São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 2003

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TRABALHO

Pesquisa do Dieese mostra pior resultado obtido em negociações salariais desde 1999; setor de serviços é o mais afetado

Inflação bate salários em 45% dos acordos

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais de quatro em cada dez acordos salariais feitos no ano passado não conseguiram repor as perdas causadas pela inflação nos salários. Esse é pior resultado obtido nas negociações salariais desde 99, quando metade das categorias profissionais conseguiu reajustes insuficientes para manter o poder de compra.
A crise econômica -agravada no segundo semestre de 2002 pela alta do dólar e pela retomada da inflação e aliada às altas taxas de desemprego e ao cenário de instabilidade por causa das eleições- emperrou e afetou as negociações entre patrões e empregados.
Pesquisa nacional do Dieese mostra que 45,29% das 499 categorias que fizeram acordos de janeiro a dezembro obtiveram reajustes abaixo do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) do IBGE. Ou seja, 226 categorias não conseguiram zerar a variação do índice nos 12 meses anteriores a cada data-base. Em 2001, 36% das 529 categorias pesquisadas tiveram reajustes abaixo do INPC.
No ano passado, 54,7% das negociações coletivas (273 categorias) resultaram em reajustes iguais ou superiores à inflação contra 64% em 2001. Essa taxa foi de 67% há três anos.
"A maior faixa de reajustes concedidos acima da inflação ficou no intervalo de 0% a 2% superiores ao INPC", disse o coordenador de atendimento técnico do Dieese, Wilson Amorim. Houve redução nos ganhos reais conquistados. No ano passado, apenas 17 categorias conseguiram reajustes acima de 2% do INPC contra 58 em 2001.
Os resultados do ano passado foram semelhantes aos de 1997 -quando 55% das categorias obtiveram reajustes iguais ou superiores à inflação. Naquele ano, o desemprego medido pelo Dieese na região metropolitana de São Paulo passou de 13,1% em janeiro para 16,6% em dezembro e o crescimento da economia foi de 3,3%, de acordo com o IBGE. No ano passado, o país cresceu 1,52%.
Entre as categorias com data-base no segundo semestre, consideradas mais combativas, o percentual de acordos com reajustes iguais ou acima da inflação foi menor -52,4% contra 56,2% das que negociam no 1º semestre. "No grupo de categorias nacionais, como bancários e petroleiros, os 15 acordos feitos em 2002 ficaram abaixo da inflação", disse Amorim. Essas duas categorias negociaram, entretanto, participação nos lucros e abonos.
O setor de serviços teve o pior resultado -69% dos acordos ficaram abaixo da inflação. "Com a renda em queda, o consumo cai e o setor de serviços é diretamente afetado", disse Amorim.


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