São Paulo, sábado, 20 de março de 2004

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SAFRA PARADA

Trabalhadores protestam contra lentidão na movimentação de cargas no terminal; fila de caminhões chega a 70 km

Greve de 11 mil paralisa porto de Paranaguá

DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, DE CURITIBA

Cerca de 11 mil trabalhadores, entre portuários, comerciantes e motoristas de ônibus, entraram em greve ontem, impedindo o funcionamento do porto de Paranaguá, no Paraná. Eles protestaram contra a lentidão na movimentação de cargas no terminal.
Por causa disso, 80 mil toneladas de mercadorias não embarcaram nos navios. A paralisação continua hoje. Os principais atingidos foram os caminhoneiros. Eles não conseguiram prosseguir no escoamento da safra de milho e soja, a principal atividade no porto nesta época do ano.
Eles aguardam numa fila que vai de Paranaguá à região metropolitana de Curitiba, cuja extensão chegava na tarde de ontem a 70 quilômetros. A fila deve alcançar hoje a cidade de Curitiba.
Os protestos foram organizados por lideranças dos operadores (representantes dos proprietários dos navios) e agentes marítimos (que representam os exportadores). Além de mais agilidade, eles pediram a saída do superintendente do porto, Eduardo Requião, irmão do governador Roberto Requião (PMDB).
O superintendente foi responsabilizado pela morosidade no escoamento da safra.
Parte do comércio da cidade aderiu à manifestação e uma empresa de ônibus recolheu todos os coletivos. Temendo uma invasão da sede administrativa do porto, o governo despachou mais de 50 policiais militares para o local.
Os manifestantes, que queimaram pneus em frente à sede do porto, atiraram ovos nos PMs. Não houve outros incidentes.
Os representantes dos sindicatos dos operadores e dos agentes marítimos do Estado passaram a tarde de ontem reunidos e decidiram no começo da noite que a paralisação continuará hoje.
Até o fechamento desta edição, não havia uma definição sobre os rumos do protesto. O presidente do sindicato dos agentes marítimos, Victor Pinto, disse ontem que a paralisação "era um protesto, e não uma greve". Os sindicalistas apresentaram uma carta em que acusam a superintendência de agir de forma "hostil" contra todos que trabalham no porto.

Má-fé
Por meio da assessoria de imprensa, o superintendente Eduardo Requião rebateu as acusações de morosidade. Alegou que nos meses de janeiro e fevereiro não foram registrados problemas nas operações do porto.
Requião disse que os exportadores "agiram de má-fé" ao despachar para Paranaguá um número de caminhões maior que o previsto. Ele disse que se há demora, é por culpa dos próprios operadores, que estariam realizando "operação tartaruga" para forçar o porto a liberar o escoamento de sementes transgênicas.
O Paraná tem lei que proíbe a circulação desse tipo de grão.



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