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SAFRA PARADA
Trabalhadores protestam contra lentidão na movimentação de cargas no terminal; fila de caminhões chega a 70 km
Greve de 11 mil paralisa porto de Paranaguá
DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, DE CURITIBA
Cerca de 11 mil trabalhadores,
entre portuários, comerciantes e
motoristas de ônibus, entraram
em greve ontem, impedindo o
funcionamento do porto de Paranaguá, no Paraná. Eles protestaram contra a lentidão na movimentação de cargas no terminal.
Por causa disso, 80 mil toneladas de mercadorias não embarcaram nos navios. A paralisação
continua hoje. Os principais atingidos foram os caminhoneiros.
Eles não conseguiram prosseguir
no escoamento da safra de milho
e soja, a principal atividade no
porto nesta época do ano.
Eles aguardam numa fila que
vai de Paranaguá à região metropolitana de Curitiba, cuja extensão chegava na tarde de ontem a
70 quilômetros. A fila deve alcançar hoje a cidade de Curitiba.
Os protestos foram organizados
por lideranças dos operadores
(representantes dos proprietários
dos navios) e agentes marítimos
(que representam os exportadores). Além de mais agilidade, eles
pediram a saída do superintendente do porto, Eduardo Requião, irmão do governador Roberto Requião (PMDB).
O superintendente foi responsabilizado pela morosidade no escoamento da safra.
Parte do comércio da cidade
aderiu à manifestação e uma empresa de ônibus recolheu todos os
coletivos. Temendo uma invasão
da sede administrativa do porto, o
governo despachou mais de 50
policiais militares para o local.
Os manifestantes, que queimaram pneus em frente à sede do
porto, atiraram ovos nos PMs.
Não houve outros incidentes.
Os representantes dos sindicatos dos operadores e dos agentes
marítimos do Estado passaram a
tarde de ontem reunidos e decidiram no começo da noite que a paralisação continuará hoje.
Até o fechamento desta edição,
não havia uma definição sobre os
rumos do protesto. O presidente
do sindicato dos agentes marítimos, Victor Pinto, disse ontem
que a paralisação "era um protesto, e não uma greve". Os sindicalistas apresentaram uma carta em
que acusam a superintendência
de agir de forma "hostil" contra
todos que trabalham no porto.
Má-fé
Por meio da assessoria de imprensa, o superintendente Eduardo Requião rebateu as acusações
de morosidade. Alegou que nos
meses de janeiro e fevereiro não
foram registrados problemas nas
operações do porto.
Requião disse que os exportadores "agiram de má-fé" ao despachar para Paranaguá um número de caminhões maior que o
previsto. Ele disse que se há demora, é por culpa dos próprios
operadores, que estariam realizando "operação tartaruga" para
forçar o porto a liberar o escoamento de sementes transgênicas.
O Paraná tem lei que proíbe a
circulação desse tipo de grão.
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