São Paulo, sábado, 20 de março de 2004
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O VAIVÉM DAS COMMODITIES Problema na cana Os valores do ATR (açúcar total recuperável) que serão conhecidos pelos fornecedores de cana no final de abril vão mostrar uma queda de 30% a 35% em relação aos de abril de 2003. Ruim para o setor Com esses preços, o cenário fica muito ruim para os fornecedores de cana, diz Carlos Arthur Ortenblad. Já há um atraso na renovação de contratos e a queda de preços no setor poderá forçar as usinas a não renovar os contratos das áreas de produção que estão acima de 30 quilômetros das unidades de moagem, diz ele. Questão social Muitas regiões de São Paulo estão voltadas apenas para a produção de cana, e esse cancelamento de contratos vai ocasionar sérios problemas sociais, diz Ortenblad. Uma saída será a venda das terras, mas os preços devem cair. Segundo o produtor, essas regiões não estão preparadas para uma substituição rápida de cultura como ocorreria no Sul ou no Centro-Oeste. Ruim para os dois Um representante das usinas diz que a situação neste início de safra é desconfortável para ambas as partes. As usinas estão pagando 43% menos pela cana neste momento, em relação a 2003, mas estão recebendo apenas R$ 0,32 por litro de álcool, conclui. Também difícil Outro setor ruim para os produtores é o de citricultura. Flávio de Carvalho Pinto Viegas, da Associtrus, diz que "ou se investe ou sai". E investir está difícil devido à falta de renda. Muitos deixaram o setor. Neste ano, os citricultores somam 17 mil, contra 27 mil há dez anos. 30% da produção de cítricos já está nas mãos das indústrias. Mais estragos As especulações sobre os estragos na safra de soja brasileira aumentam. Ontem circularam estimativas no exterior de que a safra recuaria para até 50,5 milhões de toneladas -a empresa citada desmente. Na Argentina, o primeiro dado oficial mostra recuo da safra para 34,7 milhões de toneladas. O Usda, como ocorre com o Brasil, continua superavaliando a safra argentina. Evitar perdas Para evitar perdas ainda maiores, a Emater-RS está orientando os produtores gaúchos a diminuir o desperdício na colheita. A perda chega a 2,25 sacas de 60 quilos por hectare no Rio Grande do Sul. Um dos cuidados deve ser a boa regulagem das colheitadeiras, diz a Emater. Greve suspensa O fiscais federais agropecuários suspenderam a greve em todo o país até o dia 29 de março, à espera de negociações com o governo. Na segunda-feira, haverá reunião entre o governo e o comando da paralisação dos fiscais. Seca favorável Se a seca no Rio Grande do Sul é ruim para a soja, favorece a colheita de arroz, que está acima da média histórica para este período do ano. A colheita atinge 20% e as estimativas são de uma safra de 5,8 milhões de toneladas. Saudades do Brasil Os dados de exportações divulgados ontem pela Argentina mostram que a ausência dos brasileiros nas compras de trigo e de milho é bastante sentida. O Brasil nem entra mais na lista dos importadores de milho e comprou 22% menos trigo neste ano. E-mail: mzafalon@folhasp.com.br Texto Anterior: Mercado financeiro: Bolsa sobe em semana agitada por Copom Próximo Texto: Guerra das cervejas: Liminar suspende comercial da Brahma Índice |
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