São Paulo, sábado, 20 de março de 2004

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VIZINHO ORTODOXO

Apesar das críticas de Kirchner ao FMI, superávit em dois meses já superou saldo acertado para todo o trimestre

Argentinos economizam o dobro da meta

CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES

Apesar dos protestos do presidente argentino, Néstor Kirchner, de que não vai ceder às pressões do FMI (Fundo Monetário Internacional) para aumentar a meta de superávit primário do país, hoje na casa dos 3% do PIB (Produto Interno Bruto), a Argentina já está economizando mais que o dobro daquilo que tinha sido acertado com organismo.
Em fevereiro, o governo argentino conseguiu um superávit primário (ou seja, economia feita para o pagamento de juros da dívida) de 996,2 milhões pesos. No mês anterior, a cifra chegou a 1,58 bilhão de pesos.
Apenas nos dois primeiros meses do ano, o saldo positivo alcançou os 2,58 bilhões de pesos -o que já supera em 1,5 bilhão de pesos o fixado no acordo com o Fundo para todo o primeiro trimestre de 2004.

Triplo
Segundo o que foi anunciado pelo secretário da Fazenda argentino, Carlos Mosse, a estimativa oficial é fechar o terceiro trimestre deste ano com um superávit de 3,2 bilhões de pesos, após um saldo em março em torno de 500 milhões de pesos. Ou seja, praticamente o triplo do acordado para todo o período, de 1,1 bilhão de pesos.
"Esse resultado positivo está alentado por três fatores: uma forte contenção de gastos, um importante nível de ingressos e o fato de que muitos pagamentos que se faziam durante o mês de janeiro, como décimo terceiro e aposentadorias, efetuaram-se durante o mês de dezembro", afirmou o secretário.

Credores
Os bons resultados da economia argentina têm sido acompanhados com atenção pelos credores do país, que esperam, com isso, que o governo melhore a oferta feita para reestruturar sua dívida pública, de US$ 88 bilhões. O governo se propõe a pagar 25% da dívida.
Mosse, no entanto, ratificou ontem que o governo pretende fechar o ano com o superávit da ordem de 3%.
"Não se pode pensar que o superávit será o triplo para todo o ano", afirmou. "No quarto trimestre pode ser menor, mais ajustado à pauta."
O secretário disse que, com os ganhos extras, o governo evitará emitir uma dívida nova e "procederá no resgate de parte da [dívida] já emitida".



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