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Para BC, poupança dificulta sua atuação
Queda na Selic deixa caderneta com ganho superior ao de fundos, o que atrapalha a condução da política monetária, segundo o banco
Autoridade monetária sugere
que metodologia da correção
da poupança precisa mudar,
o que depende de alteração
na lei pelo Congresso
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Banco Central deflagrou
ontem uma campanha indireta
contra a atual metodologia de
correção da poupança, que tem
rendimento de TR (Taxa Referencial) mais 6% ao ano estabelecido por lei. Em três momentos diferentes -ata do Copom,
evento dos fundos de pensão e
seminário sobre renda fixa-, a
autoridade monetária defendeu a tese de que os juros reais
[descontada a inflação] atuais
de 5,4% ao ano, os menores
desde o Plano Real, pedem revisão dos atuais indexadores da
economia, entre eles a correção
da poupança.
Em nenhum dos casos, no
entanto, a palavra poupança foi
citada diretamente.
Na ata do Copom, o BC sugeriu que a "flexibilização monetária adicional" -leia-se corte
nos juros- dependerá também
de mudanças no "arcabouço
institucional", que remonta o
"longo período de inflação".
Para o mercado, ficou claro
que o BC quis dizer que há espaço para novos cortes, mas
que isso dependerá da redução
da correção da poupança ainda
antes da próxima reunião do
Copom, no final de abril.
Caso contrário, a caderneta
pagará mais do que os títulos
públicos pós-fixados -dificultando a rolagem da dívida-, o
que levará a uma fuga de recursos de fundos para a poupança,
tema que preocupa os bancos.
Nesta semana, o presidente
Lula disse que o governo estuda
mudanças na aplicação.
O diretor de Política Monetária do BC, Mario Torós, afirmou que a estabilidade econômica chegou a um ponto que
requer novo padrão de desindexação, "sob pena de prejudicar avanços" na gestão da "política econômica". Questionado
sobre a que indexadores estava
se referindo, admitiu o caso da
poupança. "Isso [poupança] seria impeditivo [para baixar juro], na medida em que digo que
a taxa de juros real está em
5,4% e a poupança rende 6%."
Torós afirmou que o tema
não diz respeito exclusivamente ao BC, mas que cabe ao Congresso decidir mudar a lei. "O
BC faz estudos técnicos."
Mais tarde, o diretor de Normas do BC, Alexandre Tombini, encerrou sua apresentação
sobre regulação dos mercados
com uma "última lembrança"
sobre os novos desafios impostos. "O novo ambiente de maior
convergência de taxas tem trazido novos desafios, o que requer ajustes institucionais importantes para preservar o
equilíbrio das taxas de captação
e aplicação do nosso mercado."
Gustavo Franco, ex-presidente do BC, disse que estava
na hora de rever não só a correção da poupança como o direcionamento obrigatório de
65% da captação para o crédito
imobiliário. Franco afirma que
o direcionamento encarece as
taxas em geral e limita os recursos para o financiamento imobiliário. "Por que não deixar os
bancos, pela competição, darem o retorno que julgarem
adequado à poupança?"
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