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Cúpula europeia resolve o que já foi resolvido
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES
Os líderes dos 27 países da
União Europeia fazem hoje, em
Bruxelas, a sua habitual cúpula
de primavera (no hemisfério
Norte) para tomar uma decisão
sobre um assunto que já está
resolvido: vetar novos pacotes
de gasto público para reanimar
a economia, contrariando o desejo da Casa Branca.
"Já fazemos o suficiente",
disparou o primeiro-ministro
tcheco, Mirek Topolanek, presidente de turno do bloco europeu neste primeiro semestre.
Mais: "Alguns de nossos países ainda não puseram em prática seus planos nacionais de
retomada [da economia], de
forma que não sabemos seu impacto, o que torna sem sentido
introduzir novos planos".
O problema é que a posição
europeia já ficara clara na reunião dos ministros da Fazenda
e presidentes de bancos centrais realizada sábado em Horsham (a 50 km de Londres).
Criara-se, mais na mídia do
que na prática, um confronto
verbal com Timothy Geithner,
o secretário do Tesouro norte-americano, que, antes de chegar ao Reino Unido, citara 2%
do PIB de cada país como um
bom número para compor programas de reativação da economia -número, aliás, lançado
originalmente pelo FMI (Fundo Monetário Internacional).
Os europeus rejeitaram a
proposta com o mesmo argumento de Topolanek e um
adendo relevante: se aos programas de gasto público já
anunciados se somarem o que o
jargão chama de "estabilizadores automáticos", a UE gastará
mais do que propuseram FMI e
Geithner (3,3% de seu PIB, medida da renda de um país).
"Estabilizadores automáticos" são os programas sociais
-generosos na UE, mas muito
menos nos EUA. Caso do seguro-desemprego, por exemplo,
que não deixa de ser gasto público com fins de animar a economia, porque o desempregado
continua tendo uma renda que
acaba gastando no consumo.
A chanceler alemã, Angela
Merkel, líder da corrente contrária a novos programas de
reativação, reconheceu ontem
que se trata de um debate "artificial", mas "perigoso", entre
europeus e norte-americanos,
usando expressão que, antes do
G20 de West Sussex, o presidente Barack Obama utilizara.
Ambos têm razão: o comunicado final dos ministros e banqueiros centrais do G20 afirma
que seus países "estão preparados para tomar qualquer ação
necessária até que o crescimento seja restabelecido".
Nesse "qualquer ação" cabem até mais programas de estímulo, como o que até Merkel
diz aceitar: "A Alemanha só
apoiará medidas que se refiram
a projetos que comecem em
2009 ou 2010. Não se trata de
respaldar iniciativas a executar
em 2013, quando a crise estará
mais que resolvida".
De todo modo, a cúpula europeia de hoje servirá para unificar posições, que já parecem
unificadas, para outro encontro do G20, a cúpula de 2 de
abril em Londres.
Exemplo claro: os europeus
insistirão em que a cúpula
aprove uma reforma da regulação/supervisão do sistema financeiro global, o que também
está contemplado amplamente
no comunicado de Horsham.
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