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FMI prevê 1ª retração global em 60 anos
Após estimar, em janeiro, avanço mundial de 0,5%, Fundo está mais pessimista e avalia que economias encolherão até 1%
Estimativa de retração já
havia sido feita pelo Banco
Mundial há duas semanas;
Fundo não faz previsão
específica para o Brasil
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
Em nova e cada vez mais pessimista projeção, o FMI (Fundo Monetário Internacional)
fez um profundo corte na expectativa de crescimento global
neste ano, especialmente nas
economias desenvolvidas. De
um crescimento de 0,5% projetado para o mundo em janeiro,
o Fundo espera agora retração
de até 1%.
Se confirmado, será o primeiro encolhimento da economia global em 60 anos. Essa
possibilidade também já foi
considerada pelo Banco Mundial há duas semanas.
Entre as economias avançadas, a situação mais dramática,
segundo o Fundo, será a do Japão, país muito dependente do
setor exportador. O FMI prevê
encolhimento de 5,8% na economia japonesa neste ano e que
ela ainda continuará em terreno negativo ao final de 2010.
O Fundo também derrubou
de -1,6% (janeiro) para -2,6% a
expectativa de retração dos
EUA em 2009. E de -2% para
-3,2% a da zona do euro. Para o
mundo como um todo, o FMI
projeta a volta do crescimento
em 2010, com avanço geral entre 1,5% e 2,5%. Desde outubro
de 2008, o FMI vem realizando
revisões quase bimestrais,
sempre para baixo, nas suas
projeções de crescimento.
Para as economias emergentes, a expectativa é que fechem
o ano no azul, com crescimento
entre 1,5% e 2,5% neste ano, e
de até 4,5% em 2010. Não há
previsão específica para o Brasil, onde o mercado espera um
PIB (Produto Interno Bruto)
crescendo cerca de 0,6% neste
ano. O governo acredita em 2%.
Na última previsão do Fundo, de janeiro, a expectativa era
que o Brasil crescesse 1,8% neste ano e 3,5% no próximo.
No novo relatório divulgado
ontem, o FMI critica indiretamente a falta de coordenação
nos EUA para atacar o principal
ponto desta crise: a virtual falência do sistema bancário norte-americano e o congelamento do mercado de crédito.
"Mudar o rumo da economia
global dependerá, criticamente, de políticas mais específicas
para estabilizar o sistema financeiro e de ações para reforçar a demanda", diz o Fundo.
Nos próximos dias, o secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, deverá apresentar um novo plano para tentar livrar os maiores bancos dos
EUA dos chamados ativos "tóxicos". Há cerca de um mês,
programa inicial apresentado
por Geithner foi não só considerado superficial como, de fato, não produziu nenhum resultado concreto até aqui.
Com relação às medidas para
estimular a demanda e a oferta
de crédito, o Fed (banco central
dos EUA) anunciou anteontem
que imprimirá cerca de US$ 1,2
trilhão para comprar títulos do
Tesouro dos EUA e papéis lastreados em dívidas do mercado
imobiliário. A injeção desses
recursos na economia (equivalente ao PIB de um ano no Brasil) visa acelerar a demanda.
Embora espere um PIB mundial positivo em 2010, o FMI vê
as chances de isso acontecer diminuírem a cada dia. "Há um
reforço negativo em curso entre o que ocorre no setor financeiro (a falta de crédito) e na
economia não-financeira. Se a
corrosão financeira persistir, as
perspectivas de reação em 2010
vão diminuir", diz o FMI.
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