São Paulo, sexta-feira, 20 de março de 2009

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FMI prevê 1ª retração global em 60 anos

Após estimar, em janeiro, avanço mundial de 0,5%, Fundo está mais pessimista e avalia que economias encolherão até 1%


Estimativa de retração já havia sido feita pelo Banco Mundial há duas semanas; Fundo não faz previsão específica para o Brasil

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Em nova e cada vez mais pessimista projeção, o FMI (Fundo Monetário Internacional) fez um profundo corte na expectativa de crescimento global neste ano, especialmente nas economias desenvolvidas. De um crescimento de 0,5% projetado para o mundo em janeiro, o Fundo espera agora retração de até 1%.
Se confirmado, será o primeiro encolhimento da economia global em 60 anos. Essa possibilidade também já foi considerada pelo Banco Mundial há duas semanas.
Entre as economias avançadas, a situação mais dramática, segundo o Fundo, será a do Japão, país muito dependente do setor exportador. O FMI prevê encolhimento de 5,8% na economia japonesa neste ano e que ela ainda continuará em terreno negativo ao final de 2010.
O Fundo também derrubou de -1,6% (janeiro) para -2,6% a expectativa de retração dos EUA em 2009. E de -2% para -3,2% a da zona do euro. Para o mundo como um todo, o FMI projeta a volta do crescimento em 2010, com avanço geral entre 1,5% e 2,5%. Desde outubro de 2008, o FMI vem realizando revisões quase bimestrais, sempre para baixo, nas suas projeções de crescimento.
Para as economias emergentes, a expectativa é que fechem o ano no azul, com crescimento entre 1,5% e 2,5% neste ano, e de até 4,5% em 2010. Não há previsão específica para o Brasil, onde o mercado espera um PIB (Produto Interno Bruto) crescendo cerca de 0,6% neste ano. O governo acredita em 2%.
Na última previsão do Fundo, de janeiro, a expectativa era que o Brasil crescesse 1,8% neste ano e 3,5% no próximo.
No novo relatório divulgado ontem, o FMI critica indiretamente a falta de coordenação nos EUA para atacar o principal ponto desta crise: a virtual falência do sistema bancário norte-americano e o congelamento do mercado de crédito.
"Mudar o rumo da economia global dependerá, criticamente, de políticas mais específicas para estabilizar o sistema financeiro e de ações para reforçar a demanda", diz o Fundo.
Nos próximos dias, o secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, deverá apresentar um novo plano para tentar livrar os maiores bancos dos EUA dos chamados ativos "tóxicos". Há cerca de um mês, programa inicial apresentado por Geithner foi não só considerado superficial como, de fato, não produziu nenhum resultado concreto até aqui.
Com relação às medidas para estimular a demanda e a oferta de crédito, o Fed (banco central dos EUA) anunciou anteontem que imprimirá cerca de US$ 1,2 trilhão para comprar títulos do Tesouro dos EUA e papéis lastreados em dívidas do mercado imobiliário. A injeção desses recursos na economia (equivalente ao PIB de um ano no Brasil) visa acelerar a demanda.
Embora espere um PIB mundial positivo em 2010, o FMI vê as chances de isso acontecer diminuírem a cada dia. "Há um reforço negativo em curso entre o que ocorre no setor financeiro (a falta de crédito) e na economia não-financeira. Se a corrosão financeira persistir, as perspectivas de reação em 2010 vão diminuir", diz o FMI.


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