São Paulo, quinta-feira, 20 de abril de 2006

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COMBUSTÍVEL

Provável aumento na colheita de cana deve ser canalizado para açúcar, mais rentável e de maior liquidez

Oferta de álcool seguirá restrita, vê analista

ALESSANDRA KIANEK
DA REDAÇÃO

Apesar da expectativa de aumento da safra de cana-de-açúcar, o cenário previsto para a safra 2006/07 é de oferta de álcool restrita durante o ano todo.
Essa é a opinião do analista Julio Maria Martins Borges, da consultoria JOB Economia, exposta ontem em seminário promovido pela Açúcar Guarani, em São Paulo.
Segundo Borges, nos próximos meses, devido à safra da cana, o preço do álcool voltará a ficar atrativo para o consumidor. Porém, na entressafra, o cenário será o mesmo visto recentemente: pouco produto e preço alto.
Apesar da redução prevista durante a safra, o preço não deve cair como na safra passada, quando o litro do hidratado chegou a ser negociado abaixo de R$ 0,60 na usina (sem impostos), diz ele.
A JOB prevê uma produção brasileira de cana de 421 milhões de toneladas na safra 2006/07, com crescimento de 9% em relação à colheita anterior. Só a região centro-sul deve produzir 367 milhões de toneladas, 9,2% a mais.
Para Borges, ao contrário do que muitos esperavam, a nova safra não terá viés alcooleiro. Isso acontece porque o açúcar promove uma remuneração maior que o álcool, além de ter mais liquidez.
Na nova safra, a produção de álcool na região centro-sul do país está estimada em 15,7 bilhões de litros, com alta de 9,8% sobre a safra anterior, segundo Borges.
Com a produção da região norte-nordeste, de 1,6 bilhão de litros -a mesma quantidade da safra anterior-, a safra de álcool do país será de 17,3 bilhões de litros.
Essa produção é apertada em relação à demanda interna, estimada em 14,8 bilhões de litros. Desse resultado, o país só poderia destinar à exportação 2,5 bilhões de litros -o mesmo volume vendido ao exterior na safra anterior.
Segundo Borges, o governo não tem muitas saídas: ou restringe as exportações, o que seria ruim para o país, ou mantém as restrições de abastecimento do mercado, como a redução da mistura de álcool na gasolina. De acordo com ele, na ausência dessas medidas, o consumo do mercado interno seria de 1,8 bilhão de litros a mais que o previsto.

Potencial exportador
Para Adriano Pires, do CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura), o Brasil não será um grande exportador mundial de álcool. "Nós não vamos nos transformar em um grande abastecedor mundial de energia." Fernando Moreira Ribeiro, secretário-geral da Unica, concorda com Pires: "O Brasil não será a Opep do álcool".


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