São Paulo, terça-feira, 20 de abril de 2010

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Índios do Xingu começam operação para ocupar local da futura usina

Eduardo Knapp/Folha Imagem
Mônica Arara, 4, e o cacique Josinei Arara, da aldeia Terra Wangan, às margens do rio Xingu; tribo protesta contra usina

AGNALDO BRITO
ENVIADO ESPECIAL A ALTAMIRA (PA)

Os índios do Xingu iniciaram ontem a operação logística para transferência dos primeiros grupos para o Sítio Pimental, onde será construída a barragem principal e a casa de força auxiliar da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. A ação começará com a transferência de ao menos 27 famílias -mais de cem pessoas. A ação é financiada por organizações ambientalistas, inclusive estrangeiras.
A operação deverá durar toda a semana, dada a distância das aldeias que aceitaram participar da ocupação. Inicialmente, três barcos foram mobilizados para o transporte de indígenas. A reportagem da Folha alcançou pelo menos dois barcos que navegavam pelo rio Xingu (as embarcações Juliana e Cmde. Carrinho). Ambos foram contratados para buscar os indígenas na região do rio Bacajá, um dos afluentes da margem direita do rio Xingu. De acordo com os barqueiros José Roseno e Francisco Gonçalves Pessoa, ouvidos pela reportagem, a estimativa é que cada embarcação traga entre 30 e 40 indígenas. Uma terceira embarcação, de propriedade dos próprios índios, também deverá ser usada na operação.
Os barcos devem alcançar a área de construção da barragem entre quinta e sexta-feira, quando esses grupos vão começar a montar o acampamento, com o desmatamento da ilha do Sítio Pimental, uma porção de terra no meio do rio, local onde a barragem de pelo menos cinco quilômetros de extensão será instalada.
A ocupação não tem data para ser encerrada. "Só saímos após o governo desistir do projeto, ou se formos arrancados pela força", disse José Carlos Arara, 30 anos, um dos líderes indígenas.
Zé Carlos, como é conhecido, foi uma das lideranças indígenas que participou de audiência com o presidente Lula, no ano passado, quando opositores ao projeto foram pedir ao governo a desistência do empreendimento.
Uma foto ao lado do presidente, como recordação do encontro, orna uma das paredes de sua casa, na aldeia Terrã Wangã, localizada abaixo da futura barragem. Na área, cuja demarcação ainda não foi feita, três famílias serão escolhidas para integrar a comitiva da ocupação. O cacique Josinei Arara, 23, diz que deverá integrar o fronte.


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