São Paulo, quinta-feira, 20 de maio de 2004

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PÉ NO FREIO

Medida gera críticas inclusive de petistas; PL volta a atacar Meirelles

Congresso questiona decisão do BC

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A decisão do Copom (Comitê de Política Econômica) de não mexer na taxa de juros foi criticada na Câmara dos Deputados, inclusive por petistas que apóiam a política econômica do governo. Já os que defenderam a decisão citaram o cenário internacional, com a alta do preço do petróleo, como principal argumento.
"Temos defendido ardorosamente a condução da política econômica, mas em determinados momentos o Copom gera intranqüilidade. O que está errado agora? A projeção da inflação para os próximos 12 meses está abaixo da meta do governo. O resultado industrial foi excelente pelos dados divulgados pelo IBGE. Essa decisão joga minhoca na cabeça do investidor", disse o presidente da comissão de Orçamento, deputado Paulo Bernardo (PT-PR).
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto (SP), afirmou que "de lá [BC] não podemos esperar mais nada". Autor de críticas à política econômica do governo, anteontem ele classificou o presidente do BC, Henrique Meirelles, de sabotador. "É mais um bando de miseráveis na rua".
Para o líder do PFL, deputado José Carlos Aleluia (BA), "o Brasil está mergulhado nas coisas pequenas. Não se discute o atraso na educação, na ciência e tecnologia, a competitividade da indústria e a infra-estrutura. Não se discute o Brasil real. Todos ficam preocupados com os juros, que não estão bem dosados, mas não são a principal causa da estagnação", disse.
Para o deputado Alberto Goldman (SP), um dos vice-líderes do PSDB, a decisão "demonstra que o Banco Central perdeu o momento adequado para baixar a taxa de juros. Esse momento adequado era no início do ano, quando havia uma situação internacional mais favorável. O Brasil está agora em uma armadilha porque tem a ameaça do aumento dos juros americanos e de fuga de capitais internacionais", disse.
Já o deputado Francisco Dornelles (PP-RJ) elogiou a medida. "O BC atuou com muita prudência. Quando tem algumas turbulências no cenário internacional é necessário manter o atual patamar. Isso traz tranqüilidade", afirmou.
Um dos vice-líderes do governo deputado Beto Albuquerque (PSB-RS) foi na mesma linha. "A decisão do Copom refletiu as circunstâncias desse ambiente macroeconômico instável. Nesses momentos é melhor ficar onde está", afirmou.

Senadores
"A situação internacional não é desfavorável, a inflação está sob controle, os agentes econômicos estão suplicando por oxigênio e, nesse quadro, vem a frustração da taxa de juros mantida. Esse governo está perdendo o bonde da história", disse o líder do PFL no Senado, José Agripino (RN).
Para o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), a decisão foi "absurda" e significou um banho de "água fria no crescimento econômico". ""O Palloci é o melhor ministro desse governo, mas a equipe econômica está cometendo um equívoco. Deveria ter baixado os juros pelo menos num gesto simbólico, em 0,5 ponto."
A líder do PT, Ideli Salvatti (SC), disse que o Copom tem indicadores e análises econômicos que os parlamentares não conhecem e que deve ter levado em conta as turbulências internacionais. "Os números que temos de retomada do crescimento, entre outros, nos levavam a acreditar que seria viável uma redução".
O senador Tião Viana (PT-AC) afirmou ser um "defensor intransigente da política econômica", mas que acha que seria possível uma redução de 0,25 ponto percentual. "Teríamos um ambiente de mais confiança no Brasil."
Eduardo Suplicy (PT-SP) afirmou que, pelos elementos de que dispõe, acha que "haveria margem para mais um passo gradual de diminuição da taxa de juro". O líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP), não quis comentar a decisão do Copom.


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