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PÉ NO FREIO
Medida gera críticas inclusive de petistas; PL volta a atacar Meirelles
Congresso questiona decisão do BC
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A decisão do Copom (Comitê
de Política Econômica) de não
mexer na taxa de juros foi criticada na Câmara dos Deputados, inclusive por petistas que apóiam a
política econômica do governo. Já
os que defenderam a decisão citaram o cenário internacional, com
a alta do preço do petróleo, como
principal argumento.
"Temos defendido ardorosamente a condução da política econômica, mas em determinados
momentos o Copom gera intranqüilidade. O que está errado agora? A projeção da inflação para os
próximos 12 meses está abaixo da
meta do governo. O resultado industrial foi excelente pelos dados
divulgados pelo IBGE. Essa decisão joga minhoca na cabeça do investidor", disse o presidente da
comissão de Orçamento, deputado Paulo Bernardo (PT-PR).
O presidente do PL, Valdemar
Costa Neto (SP), afirmou que "de
lá [BC] não podemos esperar
mais nada". Autor de críticas à
política econômica do governo,
anteontem ele classificou o presidente do BC, Henrique Meirelles,
de sabotador. "É mais um bando
de miseráveis na rua".
Para o líder do PFL, deputado
José Carlos Aleluia (BA), "o Brasil
está mergulhado nas coisas pequenas. Não se discute o atraso na
educação, na ciência e tecnologia,
a competitividade da indústria e a
infra-estrutura. Não se discute o
Brasil real. Todos ficam preocupados com os juros, que não estão
bem dosados, mas não são a principal causa da estagnação", disse.
Para o deputado Alberto Goldman (SP), um dos vice-líderes do
PSDB, a decisão "demonstra que
o Banco Central perdeu o momento adequado para baixar a taxa de juros. Esse momento adequado era no início do ano, quando havia uma situação internacional mais favorável. O Brasil está
agora em uma armadilha porque
tem a ameaça do aumento dos juros americanos e de fuga de capitais internacionais", disse.
Já o deputado Francisco Dornelles (PP-RJ) elogiou a medida. "O
BC atuou com muita prudência.
Quando tem algumas turbulências no cenário internacional é necessário manter o atual patamar.
Isso traz tranqüilidade", afirmou.
Um dos vice-líderes do governo
deputado Beto Albuquerque
(PSB-RS) foi na mesma linha. "A
decisão do Copom refletiu as circunstâncias desse ambiente macroeconômico instável. Nesses
momentos é melhor ficar onde
está", afirmou.
Senadores
"A situação internacional não é
desfavorável, a inflação está sob
controle, os agentes econômicos
estão suplicando por oxigênio e,
nesse quadro, vem a frustração da
taxa de juros mantida. Esse governo está perdendo o bonde da história", disse o líder do PFL no Senado, José Agripino (RN).
Para o líder do PSDB, Arthur
Virgílio (AM), a decisão foi "absurda" e significou um banho de
"água fria no crescimento econômico". ""O Palloci é o melhor ministro desse governo, mas a equipe econômica está cometendo
um equívoco. Deveria ter baixado
os juros pelo menos num gesto
simbólico, em 0,5 ponto."
A líder do PT, Ideli Salvatti (SC),
disse que o Copom tem indicadores e análises econômicos que os
parlamentares não conhecem e
que deve ter levado em conta as
turbulências internacionais. "Os
números que temos de retomada
do crescimento, entre outros, nos
levavam a acreditar que seria viável uma redução".
O senador Tião Viana (PT-AC)
afirmou ser um "defensor intransigente da política econômica",
mas que acha que seria possível
uma redução de 0,25 ponto percentual. "Teríamos um ambiente
de mais confiança no Brasil."
Eduardo Suplicy (PT-SP) afirmou que, pelos elementos de que
dispõe, acha que "haveria margem para mais um passo gradual
de diminuição da taxa de juro". O
líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP), não quis comentar
a decisão do Copom.
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