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BASTIDORES
Planalto vê "erro grave"
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de ter sido avisado
ontem de que o Copom poderia manter a taxa Selic em 16%
ao ano devido à combinação de
vários fatores negativos externos
e internos, o presidente Lula demonstrou decepção a interlocutores quando soube da decisão. "Erro grave" foi a expressão usada no
Planalto, apurou a Folha.
Lula apostava numa queda de
0,25 ponto percentual, que, na sua
visão, compraria tempo para o
governo avaliar quão forte e duradoura é a atual turbulência internacional e para tentar superar recentes episódios internos negativos -caso "New York Times",
proposta de "pacto social" do ministro José Dirceu (Casa Civil) e
mais um ataque duro do PL ao
BC, entre outros motivos.
Até o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, demonstrava
nas conversas reservadas uma expectativa de queda de 0,25 ponto.
Apesar disso, foi ele quem alertou
Lula de que talvez o Copom não
baixasse a taxa.
No final do ano passado, Lula
fez elogios rasgados ao presidente
do BC, Henrique Meirelles. Neste
ano, isso mudou depois que o Copom não baixou os juros em janeiro e fevereiro.
Interlocutores de Lula dizem
que as críticas internas a Meirelles
deverão subir de tom no governo
e que, apesar de contrariado com
a decisão de ontem, ele terá que
bancar a posição do Copom para
não gerar mais intranquilidade.
Na tentativa de entender a decisão do Copom, membros da cúpula do governo avaliavam ontem que foi uma espécie de preço
para manutenção de credibilidade num ano em que a política econômica tem sido questionada
desde 1º de janeiro, o que obriga
Lula e Palocci a defendê-la quase
que cotidianamente.
A decisão do Copom também
reforçará a ala do governo que é
contra a autonomia do BC e que
defende mudança da meta de inflação para 2005.
Governistas, como o senador
Aloizio Mercadante (PT-SP), defendem que a meta de inflação de
2005, hoje em 4,5%, seja elevada
para 5,5%, a mesma meta fixada
pela este ano. Até agora, Palocci
era contra a idéia -preferia usar,
caso fosse necessário, o intervalo
de confiança de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo.
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