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Para analistas, BC quer
reduzir volatilidade
DA REPORTAGEM LOCAL
A decisão do Banco Central de
manter os juros em 16%, na opinião de economistas, teve como
principal objetivo aplacar a volatilidade do mercado financeiro,
que vem ameaçando a lenta recuperação da economia.
"Acho que, ao manter os juros,
o BC quis evitar o risco de acabar
se tornando uma variável a mais
de volatilidade para o mercado, já
que um corte poderia ser interpretado como leniência em um
momento delicado", diz Alexandre Maia, economista-chefe da
Gap Asset Management, que elogiou a decisão do BC.
A maior ameaça à economia,
agora, na opinião de Maia, é a recente pressão sobre os juros de
longo prazo. Isso porque são essas
as taxas olhadas por empresários
no momento em que decidem se
devem ou não investir. Quando
os juros futuros estão em alta, investidores podem interpretar que
têm mais chances de ganhar dinheiro aplicando no mercado financeiro do que investindo na atividade produtiva.
Júlio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Iedi (Instituto de
Estudos e Desenvolvimento Industrial), concorda que o BC mirou as fortes oscilações que têm
pressionado o dólar e os juros futuros. Discorda, no entanto, de
que essa foi a melhor decisão:
"Essa nova interrupção na queda de juros pode esfriar as expectativas de recuperação da economia, o que tende a acabar freando
a atividade", afirma ele.
Almeida afirma que, se os juros
futuros continuarem subindo, os
efeitos sobre a economia serão
muito ruins. Acredita, porém, que
essa trajetória dependerá muito
mais do mercado externo do que
da decisão do Banco Central de
manter a Selic estável.
Esse foi o principal confronto de
opiniões de economistas diante
da decisão de ontem do Copom
(Comitê de Política Monetária).
Hugo Penteado, economista-chefe do ABN Amro Asset, por
exemplo, disse que entende o temor do BC com a volatilidade externa. Mas faz coro com as preocupações do diretor do Iedi em
relação à recuperação da atividade: "A decisão do BC pode diminuir o ritmo de expansão da economia que vínhamos tendo", diz.
Para João Rabello, diretor-superintendente do banco Fibra, "o
Copom de novo foi conservador e
frustou as expectativas". Na opinião dele, a manutenção dos juros
causa um efeito psicológico negativo sobre as expectativas do setor
produtivo.
Já Alexandre Póvoa, economista-chefe do banco Modal, adotou
a mesma linha de argumentação
de Maia. Segundo ele, a decisão
austera e o comunicado otimista
do BC deverão contribuir para reduzir a volatilidade do mercado.
Para Póvoa, a reafirmação do
compromisso da autoridade monetária com o combate à inflação
ajuda a eliminar possíveis dúvidas
de que o BC pudesse sofrer influência de pressões políticas.
"Acho que o comportamento
dos juros futuros dependerão
mais do mercado externo, mas a
decisão do BC ajuda bastante a
acalmar a situação, principalmente a médio e longo prazos", diz.
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