São Paulo, quinta-feira, 20 de maio de 2004

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CORDA NO PESCOÇO

Endividamento interno do governo cresce 1%, para R$ 767,7 bi em abril, devido ao pagamento de juros

Tesouro resgata papéis, mas a dívida sobe

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A dívida pública interna (em títulos do governo federal) voltou a subir em abril, mesmo depois de o Tesouro Nacional ter resgatado parte dos papéis que venceram no mês. A dívida atingiu R$ 767,7 bilhões, com aumento de 1,03% em relação a março.
Como o Banco Central manteve a estratégia de não rolar títulos e operações cambiais realizadas no mercado futuro ("swaps"), houve redução de R$ 9,3 bilhões na parcela da dívida corrigida pelo dólar. Incluindo todos os demais títulos, o resgate líquido (descontadas as novas emissões) da dívida somou R$ 3,7 bilhões. O estoque da dívida aumentou devido aos juros pagos pelo governo.
No mês passado, o Tesouro iniciou leilões de troca e de recompra de LFTs (Letras Financeiras do Tesouro) com vencimentos mais longos porque os investidores passaram a evitar esses papéis diante da turbulência no mercado internacional. No lugar dos papéis mais longos, o Tesouro emitiu títulos mais curtos. Assim, o prazo médio da dívida teve pequena queda, de 30 meses para 29,7 meses.

Concentração
Outro indicador que também piorou foi a concentração de títulos com vencimento em até 12 meses. Quanto mais títulos de curto prazo, mais difícil a administração da dívida pública, pois obriga o Tesouro a renová-los constantemente. Em março, 39,4% da dívida interna vencia em até 12 meses. Em abril, esse percentual subiu para 41%.
No mês passado, foram resgatados R$ 26,6 bilhões da dívida, incluindo R$ 2,9 bilhões referentes a trocas para encurtamento de prazo. Mas, com as novas emissões, o resgate líquido ficou em R$ 3,7 bilhões. Neste mês, o resgate líquido está acima de R$ 31 bilhões somente em títulos do Tesouro. Venceram R$ 34,8 bilhões, e o Tesouro só renovou R$ 2,9 bilhões em LFTs, anteontem.
No ano, o resgate total foi de R$ 72,461 bilhões até abril. No mesmo período, o resgate líquido foi de R$ 4,423 bilhões.
Segundo o coordenador de Operações da Dívida Pública do Tesouro, Ronnie Gonzaga Tavares, a tendência num primeiro momento é que a concentração de títulos com vencimento em 12 meses se estabilize. Depois, a tendência é de queda.
"Há muito tempo que o Tesouro dilui os vencimentos. Não renovamos grandes vencimentos de uma única vez. Mantemos a estratégia de emitir aos poucos."

Manutenção
O chefe do Departamento de Operações do Mercado Aberto do Banco Central, Sérgio Goldenstein, disse que o BC manterá a política de não renovar os vencimentos da dívida cambial. "A estratégia de não rolar a dívida cambial continua."
Até agora, o BC já resgatou US$ 17,6 bilhões líquidos em títulos e operações de "swap" cambial que venceram neste ano (US$ 19,1 bilhões em 2003). A parcela da dívida cambial incluindo as operações de "swap" caiu de 17,71% em março para 16,31% em abril.
A participação dos títulos corrigidos a juros de mercado (LFTs, pós-fixadas) teve pequena alta, de 51,5% para 52,2%.
Segundo Goldenstein, com o resgate da dívida cambial, houve automaticamente aumento proporcional dos pós-fixados. A parcela de LFTs está no limite superior do Plano Anual de Financiamento, que prevê participação desses títulos entre 50% e 61% do total da dívida.


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