São Paulo, quinta-feira, 20 de maio de 2004

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FÓRUM NACIONAL

Previ pede apuração de conduta que possa desrespeitar normas

Fundo de pensão reclama da AmBev

JOSÉ ALAN DIAS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

A direção da Previ, o fundo de pensão do Banco do Brasil, aproveitou a presença do presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) em uma mesa de debates no 16º Fórum Nacional, no Rio, para fazer novas críticas, ainda que indiretas, à AmBev e reivindicar rapidez do órgão na apuração e punição de eventuais condutas que desrespeitem as normas do mercado de capitais.
"Muitos agentes econômicos se acostumaram, ao longo do tempo, a desrespeitar regras e procedimentos", argumentou Sérgio Rosa, presidente da Previ. "Nesse caso, [o acionista minoritário] ou se omite, ou engole o prejuízo ou recorre à Justiça, com um custo bastante elevado, por não encontrar mecanismos mais rápidos de solução [para eventuais desvios]."
Maior fundo de pensão do país, com patrimônio estimado em R$ 60 bilhões, a Previ detinha, até o início deste mês, 14,7% das ações preferenciais e 8,89% do capital da AmBev. O fundo diz que, assim como outros mantenedores de ações preferenciais, foi prejudicado pelo acordo dos controladores da AmBev, que transferiram o controle acionário da empresa à Interbrew em troca de participação na cervejaria belga.
Os comentários de Rosa foram feitos em um debate sobre o mercado de capitais. O executivo disse "preferir não querer trazer à baila casos específicos". "Mas a Previ, por ser o maior investidor do mercado de capitais, acaba envolvida em situações desse tipo."
Indagado se o acordo Interbrew-AmBev estaria entre os que resultariam em prejuízo aos minoritários, Rosa disse que sim.
Anteontem, em reunião de acionistas na qual se votou a incorporação da Labatt (um dos ativos da cervejaria belga vinculados ao acordo com a AmBev), a Previ votou contra. O fundo de pensão afirma que a Labatt foi superavaliada, com prejuízo aos acionistas.
Em 14 de abril, a Previ enviou à CVM um documento de 38 páginas no qual requeria a instalação de inquérito administrativo para apurar irregularidade na operação entre a AmBev e a Interbrew.
No documento, a Previ acusa os controladores da AmBev de cometerem abuso de poder de controle, de terem auferido benefícios particulares, de conflito de interesses e de violação dos deveres de lealdade e diligência.
Por meio de sua assessoria, Victorio de Marchi, co-presidente do conselho de administração da AmBev, informou ontem que a empresa "tem e sempre teve como procedimento seguir as normas legais e fez exatamente isso na operação com a Interbrew".
No debate, o presidente da CVM, Luiz Leonardo Cantidiano, respondeu em parte aos comentários do presidente da Previ. Ele disse que, nos últimos anos, a CVM aumentou o número de processos administrativos e investigações no mercado.


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