|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FÓRUM NACIONAL
Previ pede apuração de conduta que possa desrespeitar normas
Fundo de pensão reclama da AmBev
JOSÉ ALAN DIAS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
A direção da Previ, o fundo de
pensão do Banco do Brasil, aproveitou a presença do presidente
da CVM (Comissão de Valores
Mobiliários) em uma mesa de debates no 16º Fórum Nacional, no
Rio, para fazer novas críticas, ainda que indiretas, à AmBev e reivindicar rapidez do órgão na apuração e punição de eventuais condutas que desrespeitem as normas do mercado de capitais.
"Muitos agentes econômicos se
acostumaram, ao longo do tempo, a desrespeitar regras e procedimentos", argumentou Sérgio
Rosa, presidente da Previ. "Nesse
caso, [o acionista minoritário] ou
se omite, ou engole o prejuízo ou
recorre à Justiça, com um custo
bastante elevado, por não encontrar mecanismos mais rápidos de
solução [para eventuais desvios]."
Maior fundo de pensão do país,
com patrimônio estimado em R$
60 bilhões, a Previ detinha, até o
início deste mês, 14,7% das ações
preferenciais e 8,89% do capital
da AmBev. O fundo diz que, assim como outros mantenedores
de ações preferenciais, foi prejudicado pelo acordo dos controladores da AmBev, que transferiram o controle acionário da empresa à Interbrew em troca de
participação na cervejaria belga.
Os comentários de Rosa foram
feitos em um debate sobre o mercado de capitais. O executivo disse "preferir não querer trazer à
baila casos específicos". "Mas a
Previ, por ser o maior investidor
do mercado de capitais, acaba envolvida em situações desse tipo."
Indagado se o acordo Interbrew-AmBev estaria entre os que
resultariam em prejuízo aos minoritários, Rosa disse que sim.
Anteontem, em reunião de
acionistas na qual se votou a incorporação da Labatt (um dos ativos da cervejaria belga vinculados
ao acordo com a AmBev), a Previ
votou contra. O fundo de pensão
afirma que a Labatt foi superavaliada, com prejuízo aos acionistas.
Em 14 de abril, a Previ enviou à
CVM um documento de 38 páginas no qual requeria a instalação
de inquérito administrativo para
apurar irregularidade na operação entre a AmBev e a Interbrew.
No documento, a Previ acusa os
controladores da AmBev de cometerem abuso de poder de controle, de terem auferido benefícios particulares, de conflito de
interesses e de violação dos deveres de lealdade e diligência.
Por meio de sua assessoria, Victorio de Marchi, co-presidente do
conselho de administração da
AmBev, informou ontem que a
empresa "tem e sempre teve como procedimento seguir as normas legais e fez exatamente isso
na operação com a Interbrew".
No debate, o presidente da
CVM, Luiz Leonardo Cantidiano,
respondeu em parte aos comentários do presidente da Previ. Ele
disse que, nos últimos anos, a
CVM aumentou o número de
processos administrativos e investigações no mercado.
Texto Anterior: Corda no pescoço: Tesouro resgata papéis, mas a dívida sobe Próximo Texto: Assessor não fez críticas ao governo Índice
|