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GASTO BRASIL
Consumo familiar correspondeu em 2003 a 57% do PIB; Sudeste responde por 54% do total do país
Gasto é maior com fumo que com sabonete
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Os brasileiros gastam, todos os
meses, R$ 408,7 milhões para fazer festas, R$ 447 milhões com cabeleireiros, outros R$ 560 milhões
com perfumes e mais de R$ 547
milhões em contas de celular.
Os bancos, no entanto, levam
mais do que as festas. Os pagamentos de serviços bancários fazem as famílias desembolsarem, a
cada mês, nada menos do que R$
587,3 milhões.
O consumo global dos produtos
pode ser estimado a partir do consumo médio das famílias e do número total delas no Brasil. Segundo o IBGE, existem cerca de 48,5
milhões de famílias com 3,6
membros cada, em média.
Elas gastam o equivalente a R$
71 bilhões com consumo todos os
meses. Para ter uma idéia da importância do gasto familiar para a
economia, ele correspondeu, em
2003, a cerca de 57% do PIB (Produto Interno Bruto, soma de todas os produtos e serviços finais
produzidos no país).
Descompasso dos Estados
As desigualdades regionais também são refletidas no padrão de
consumo dos Estados. São Paulo,
onde vivem 21,9% da população
brasileira, consome o equivalente
a 30% do total. A região Sudeste,
com 42,6% da população total, fica com 54% do gasto global em
consumo.
O maior descompasso ocorre
na região Nordeste. Nos nove Estados que compõem a região vive
aproximadamente 28% da população brasileira, que é responsável, no entanto, por apenas 16,7%
do consumo total.
No Norte, apesar de menor,
também há descompasso, com
7,8% da população consumindo o
equivalente a 4,9% do total.
Os dados mostram de uma maneira distinta o já conhecido desequilíbrio regional brasileiro. Retrato do mercado consumidor, ele
reflete também a dificuldade das
regiões mais pobres do país em
atrair investimentos, já que os
centros consumidores acabam
reunindo mais atrativos para as
empresas.
A pesquisa pode, segundo Elvio
Gaspar, secretário-executivo-adjunto do Ministério do Planejamento, orientar políticas do governo federal para reduzir os desequilíbrios regionais.
"Ela traz sinalizações sobre o
mercado. Do ponto de vista da
política pública, mostra em quais
regiões e áreas o governo pode
atuar, criando políticas que direcionem decisões de investimento", avalia Gaspar.
Deterioração ou melhora?
A comparação da evolução do
padrão de consumo e gastos pode
mostrar se há deterioração ou
melhora das condições de vida.
Mas a última POF nacional foi
realizada em 1975, o que inviabiliza parte da análise.
A pesquisa do IBGE mostra, por
exemplo, que houve, desde 1975,
aumento nos gastos com alimentação fora do lar.
No entanto as duas pesquisas
são fotografias de dois pontos no
tempo, um em 1975 e outro em
2003. Elas não mostram o que
ocorreu entre esse intervalo. Ou
seja, houve uma melhora quando
se olha para 1975, mas não é possível dizer se essa melhora era ainda mais intensa em outros anos e
se ela foi ou não reduzida por conta do cenário recessivo dos últimos anos.
Orçamento apertado
Com ou sem melhora, o orçamento das famílias está mais
apertado. "Os fornecedores, cada
vez mais, precisarão encontrar
formas novas de "brigar" por esse
orçamento", afirma Pierre Cohen, diretor da Ipsos, uma empresa que realiza consultoria sobre
mercados.
Ele lembra que a parcela do rendimento dedicada ao pagamento
de serviços e de taxas é maior e
que, ao mesmo tempo, existem
mais empresas competindo por
espaço nesse mercado.
Cohen diz que, cedo ou tarde, os
fornecedores precisarão oferecer,
em conjunto, pacotes de serviços,
seja como estratégia de competição seja porque falta espaço no
orçamento para adquiri-los separadamente.
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