São Paulo, quinta-feira, 20 de maio de 2004

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Mais pobres gastam com remédio; os mais ricos, com plano de saúde

DA SUCURSAL DO RIO

Os mais pobres gastam com remédio 76% da sua despesa com saúde e usam o sistema público para se tratar. No outro externo, os mais ricos investem em planos de saúde e destinam menos dinheiro para a compra de medicamentos -apenas 23,7%.
O peso da compra de remédios no orçamento total das famílias com renda até R$ 400 é de 3,09%, enquanto nas com rendimento acima de R$ 6.000 representa 1,33%. Em média, o brasileiro gasta 2,17% de seu orçamento familiar com remédios. Trata-se de um gasto importante, segundo o IBGE. É, por exemplo, um pouco menor do que a despesa com transporte urbano (2,38%).
Já no caso do plano de saúde, a situação se inverte: o gasto das famílias mais pobres com esse item corresponde a 7% das despesas com saúde, enquanto para as de maior renda, a 37%. Na média, a despesa com plano de saúde representa 1,51% do orçamento.
Para o presidente do IBGE, Eduardo Nunes, o perfil das despesas com saúde retrata a diferença de atendimento entre as classes sociais. "Na verdade, é como se estivessem identificados nesse caso dois mercados distintos: a população de baixa renda usa a saúde pública e gasta mais comprando remédios. Já a de mais alta renda financia esse uso por meio do plano de saúde."
Apesar da disparidade entre os gastos com saúde, houve um avanço nos últimos anos. Em média, as despesas com saúde correspondem a 5,35% do orçamento mensal das famílias brasileiras. Esse percentual era de 4,82% em 1974-1975 (na época, o grupo ainda incluía as despesas com higiene, hoje separadas).
A camada de renda menor desembolsa 4,08% do seu orçamento com saúde. Já as famílias mais ricas, 5,62%.
Embora as despesas com saúde tenham aumentado, o brasileiro gasta mais, por exemplo, com a compra de veículos (5,93% do orçamento) do que com saúde.
Para Sérgio Besserman Vianna, ex-presidente do IBGE e presidente do Instituto Pereira Passos (ligado à Prefeitura do Rio), o aumento do gasto com saúde é um dos indicadores que revelam o avanço da área social no país.
Tal elevação foi possível graças ao aumento da renda desde a década de 70. "Ainda que ela tenha caído nos últimos anos, o rendimento está num nível mais alto do que naquela época", diz.
Depois dos gastos com remédio e plano de saúde, a despesa de maior peso é a com tratamento dentário (0,54% do orçamento).


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