|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mais pobres gastam com remédio; os mais ricos, com plano de saúde
DA SUCURSAL DO RIO
Os mais pobres gastam com remédio 76% da sua despesa com
saúde e usam o sistema público
para se tratar. No outro externo,
os mais ricos investem em planos
de saúde e destinam menos dinheiro para a compra de medicamentos -apenas 23,7%.
O peso da compra de remédios
no orçamento total das famílias
com renda até R$ 400 é de 3,09%,
enquanto nas com rendimento
acima de R$ 6.000 representa
1,33%. Em média, o brasileiro gasta 2,17% de seu orçamento familiar com remédios. Trata-se de
um gasto importante, segundo o
IBGE. É, por exemplo, um pouco
menor do que a despesa com
transporte urbano (2,38%).
Já no caso do plano de saúde, a
situação se inverte: o gasto das famílias mais pobres com esse item
corresponde a 7% das despesas
com saúde, enquanto para as de
maior renda, a 37%. Na média, a
despesa com plano de saúde representa 1,51% do orçamento.
Para o presidente do IBGE,
Eduardo Nunes, o perfil das despesas com saúde retrata a diferença de atendimento entre as classes
sociais. "Na verdade, é como se
estivessem identificados nesse caso dois mercados distintos: a população de baixa renda usa a saúde pública e gasta mais comprando remédios. Já a de mais alta renda financia esse uso por meio do
plano de saúde."
Apesar da disparidade entre os
gastos com saúde, houve um
avanço nos últimos anos. Em média, as despesas com saúde correspondem a 5,35% do orçamento mensal das famílias brasileiras.
Esse percentual era de 4,82% em
1974-1975 (na época, o grupo ainda incluía as despesas com higiene, hoje separadas).
A camada de renda menor desembolsa 4,08% do seu orçamento com saúde. Já as famílias mais
ricas, 5,62%.
Embora as despesas com saúde
tenham aumentado, o brasileiro
gasta mais, por exemplo, com a
compra de veículos (5,93% do orçamento) do que com saúde.
Para Sérgio Besserman Vianna,
ex-presidente do IBGE e presidente do Instituto Pereira Passos
(ligado à Prefeitura do Rio), o aumento do gasto com saúde é um
dos indicadores que revelam o
avanço da área social no país.
Tal elevação foi possível graças
ao aumento da renda desde a década de 70. "Ainda que ela tenha
caído nos últimos anos, o rendimento está num nível mais alto
do que naquela época", diz.
Depois dos gastos com remédio
e plano de saúde, a despesa de
maior peso é a com tratamento
dentário (0,54% do orçamento).
Texto Anterior: Loucos por cabeleireiro: Centro-Oeste enche os salões de beleza Próximo Texto: Na educação, curso superior é o que mais consome orçamento Índice
|