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Na educação, curso superior é o
que mais consome orçamento
DA SUCURSAL DO RIO
Embora tenham crescido de
1975 a 2003, os gastos com educação se distribuem de maneira desigual de acordo com a faixa de
renda das famílias. As que ganham até R$ 400 desembolsam
apenas 0,80% do seu orçamento
com esse tipo de gasto. Esse percentual sobe para 5,19% na camada com rendimento de R$ 4.000 a
R$ 6.000.
De 1975 a 2003, porém, o gasto
total com educação aumentou de
1,70% para 3,37% do orçamento
das famílias. Da despesa média do
brasileiro (R$ 1.778), R$ 59,86 vão
para a educação.
O curso superior é a maior despesa individual do grupo, representando 1,12% do orçamento das
famílias brasileiras. Para os mais
ricos (renda acima de R$ 6.000), o
percentual sobe para 1,78% do orçamento.
As famílias mais pobres têm
uma despesa proporcionalmente
maior com a compra de artigos
escolares -0,38%, contra uma
média de 0,23%.
De acordo com Vicente Rodrigues, professor da Faculdade da
Educação da Unicamp e diretor
da ONG Ação Educativa, os gastos com educação estão concentrados a partir do ensino médio.
Na avaliação dele, as famílias de
classe média matriculam seus filhos na escola pública no ensino
fundamental, que se tornou praticamente universal (cobertura de
97%, em 2003), mas os transferem
para o ensino privado a partir do
ensino médio.
O objetivo, diz, é preparar melhor o jovem para disputar uma
vaga na universidade pública. Já
para as famílias mais pobres, que
não possuem condições financeiras de pagar escola da rede particular, resta apenas a alternativa da
rede pública no ensino médio.
Para Rodrigues, a expansão da
ensino fundamental criou um
"gargalo" a partir do ensino médio, que oferece menos vagas do
que o necessário.
Segundo ele, o crescimento
"sem controle" das universidades
privadas -que considera, em geral, de menor qualidade e destinadas a quem cursou o ensino médio na rede pública- também influenciou no aumento dos gastos
com educação.
"Falta ao país uma sistema que
permita regular os fluxos de ingresso de alunos no ensino médio
e na universidade. Essa distorção
aconteceu porque o Brasil teve
uma política ofensiva no ensino
fundamental, que gerou um número cada vez maior de pessoas
chegando ao ensino médio. Mas
faltou uma política para o segundo grau e a universidade", diz Rodrigues.
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