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Stephanes fala em nacionalizar jazidas
Ministro da Agricultura diz que recursos minerais para produzir fertilizantes não são explorados por arrendatários
Stephanes afirma que país não pode ficar na mão de produtores externos e que jazidas não exploradas podem ser retomadas
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
O ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) disse, ontem,
durante lançamento do programa Territórios da Cidadania,
em Cuiabá, que reduzir a dependência do Brasil de insumos importados para produção
de fertilizantes é uma questão
estratégica para o país, um dos
maiores produtores agrícolas
do mundo.
Para isso, o ministro não descarta a nacionalização de jazidas que não estariam sendo devidamente exploradas.
"Até se for necessário sim. É
uma questão estratégica, mas
para médio e longo prazo", afirmou. Ele ressaltou também que
o governo federal não tem uma
solução em curto prazo para
enfrentar a alta nos preços dos
fertilizantes.
"A não ser que você comece a
subsidiar", avaliou o ministro,
que destacou a necessidade de
o Brasil "resolver este problema internamente". "A questão
não é de tarifa. A questão é que
somos importadores de alguns
elementos como o potássio, em
torno de 80%, e o fósforo, 60%,
e nitrogenados, que importamos em grandes quantidades.
São pequenos grupos que controlam isso no mundo inteiro,
são poucas jazidas no mundo, e
há um crescimento enorme dos
preços".
Presente ao evento, o governador de Mato Grosso, Blairo
Maggi (PR), um dos maiores
produtores de soja do país, fez
coro à nacionalização. Lembrou que o custo por tonelada
de fertilizantes saltou, nos últimos anos, de US$ 200 para até
US$ 1.000. "Essa diferença está
consumindo todo o ganho que
o produtor teria", disse o governador, que defendeu a busca
por alternativas nacionais.
"É preciso identificar essas
jazidas, saber em nome de
quem elas estão registradas e,
se for preciso, retirar as licenças daqueles que fizeram a opção de não utilizar essas jazidas. Entre dois e cinco anos, teríamos um volume maior de insumos, e os preços seriam reduzidos", disse Maggi.
Levantamento
O ministro Stephanes disse
que o governo vem fazendo um
levantamento das jazidas nacionais para aumentar a produção interna de nitrogênio, fósforo e potássio, insumos empregados na produção de fertilizantes. "Então nós já sabemos
que temos jazidas no Brasil.
Precisamos é adotar medidas
para que elas sejam efetivamente exploradas", disse o ministro.
No caso específico do fósforo,
o governo já identificou que novas minas privadas poderiam
ser exploradas, reduzindo as
importações. O problema é que
as empresas que deveriam fazer isso acabam se valendo de
uma legislação de 1966 para retardar a exploração porque não
têm interesse em aumentar a
produção aqui. Com isso, alegam que estão se dedicando a
pesquisas.
Segundo Stephanes, o setor é
controlado por "quatro ou cinco" grandes empresas no mundo. "São as mesmas que controlam a distribuição no Brasil e,
depois, adquirem a produção".
No caso dos nitrogenados, a
base é o gás, que o Brasil também é dependente. "Possivelmente, dentro de dois anos,
com a exploração das minas de
gás na bacia de Santos, o Brasil
vai ter condições de se tornar
auto-suficiente", disse o ministro.
"No caso de potássio, temos
duas minas: uma em Sergipe e
uma outra em Nova Olinda, no
Amazonas, que ainda não está
em exploração por conta de
discussões ambientais e de viabilidade técnica, mas é uma jazida muito grande e que poderia abastecer quase a metade
das necessidades brasileiras",
afirmou Stephanes.
Colaborou SHEILA D'AMORIM ,
da Sucursal de Brasília
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