São Paulo, terça-feira, 20 de maio de 2008

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Stephanes fala em nacionalizar jazidas

Ministro da Agricultura diz que recursos minerais para produzir fertilizantes não são explorados por arrendatários

Stephanes afirma que país não pode ficar na mão de produtores externos e que jazidas não exploradas podem ser retomadas

RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ

O ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) disse, ontem, durante lançamento do programa Territórios da Cidadania, em Cuiabá, que reduzir a dependência do Brasil de insumos importados para produção de fertilizantes é uma questão estratégica para o país, um dos maiores produtores agrícolas do mundo.
Para isso, o ministro não descarta a nacionalização de jazidas que não estariam sendo devidamente exploradas. "Até se for necessário sim. É uma questão estratégica, mas para médio e longo prazo", afirmou. Ele ressaltou também que o governo federal não tem uma solução em curto prazo para enfrentar a alta nos preços dos fertilizantes.
"A não ser que você comece a subsidiar", avaliou o ministro, que destacou a necessidade de o Brasil "resolver este problema internamente". "A questão não é de tarifa. A questão é que somos importadores de alguns elementos como o potássio, em torno de 80%, e o fósforo, 60%, e nitrogenados, que importamos em grandes quantidades.
São pequenos grupos que controlam isso no mundo inteiro, são poucas jazidas no mundo, e há um crescimento enorme dos preços".
Presente ao evento, o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), um dos maiores produtores de soja do país, fez coro à nacionalização. Lembrou que o custo por tonelada de fertilizantes saltou, nos últimos anos, de US$ 200 para até US$ 1.000. "Essa diferença está consumindo todo o ganho que o produtor teria", disse o governador, que defendeu a busca por alternativas nacionais.
"É preciso identificar essas jazidas, saber em nome de quem elas estão registradas e, se for preciso, retirar as licenças daqueles que fizeram a opção de não utilizar essas jazidas. Entre dois e cinco anos, teríamos um volume maior de insumos, e os preços seriam reduzidos", disse Maggi.

Levantamento
O ministro Stephanes disse que o governo vem fazendo um levantamento das jazidas nacionais para aumentar a produção interna de nitrogênio, fósforo e potássio, insumos empregados na produção de fertilizantes. "Então nós já sabemos que temos jazidas no Brasil. Precisamos é adotar medidas para que elas sejam efetivamente exploradas", disse o ministro.
No caso específico do fósforo, o governo já identificou que novas minas privadas poderiam ser exploradas, reduzindo as importações. O problema é que as empresas que deveriam fazer isso acabam se valendo de uma legislação de 1966 para retardar a exploração porque não têm interesse em aumentar a produção aqui. Com isso, alegam que estão se dedicando a pesquisas.
Segundo Stephanes, o setor é controlado por "quatro ou cinco" grandes empresas no mundo. "São as mesmas que controlam a distribuição no Brasil e, depois, adquirem a produção".
No caso dos nitrogenados, a base é o gás, que o Brasil também é dependente. "Possivelmente, dentro de dois anos, com a exploração das minas de gás na bacia de Santos, o Brasil vai ter condições de se tornar auto-suficiente", disse o ministro.
"No caso de potássio, temos duas minas: uma em Sergipe e uma outra em Nova Olinda, no Amazonas, que ainda não está em exploração por conta de discussões ambientais e de viabilidade técnica, mas é uma jazida muito grande e que poderia abastecer quase a metade das necessidades brasileiras", afirmou Stephanes.


Colaborou SHEILA D'AMORIM , da Sucursal de Brasília


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