São Paulo, quarta-feira, 20 de maio de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

análise

Concentração do setor viria cedo ou tarde

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

Uma concentração inevitável. Pode ter sido antecipada por problemas financeiras trazidos pela crise mundial, mas cedo ou tarde iria acontecer.
Se não tivesse ocorrido entre empresas brasileiras, teria sido com multinacionais estrangeiras, que já botaram os pés por aqui e ainda buscam negócios. Outras uniões devem vir.
A globalização, exigindo custos reduzidos, ganho de produtividade e presença cada vez maior das empresas em todos os mercados, impõe ganho de musculatura às companhias. É o que Sadia e a Perdigão vão buscar nos próximos anos no cenário internacional.
Essa concentração dá um grande poder de compra e, ao mesmo tempo, um grande poder de venda para as duas empresas unidas. Do lado do consumo, esse poder de venda das duas pode levar o Cade a, em defesa da concorrência, exigir participação menor em alguns setores em que tenham amplo domínio.
Já do lado do produtor, o grande poder de compra gerado pela união das duas pode afetar preços, mas em situações bastante restritas. Sadia e Perdigão eram fortes competidoras tanto na compra de matérias-primas como na busca por produtores integrados.
Agora, serão uma só, sem a antiga concorrência. Juntas, devem utilizar cerca de 10 milhões de toneladas de milho por ano, o que corresponde a 18% da produção nacional.
Uma participação tão grande pode afetar preços em regiões onde elas têm forte presença, principalmente se houver dificuldade de escoamento de matéria prima pelos produtores.
A influência das duas, no entanto, fica limitada pela concorrência com as gigantes internacionais e com cooperativas. Além disso, o mercado externo sempre será um patamar de referência para o produtor.
De um lado, o produtor pode sofrer a mão forte das duas. Mas, de outro, após um processo de solidificação e ampliação das duas no mercado externo, o produtor pode ser beneficiado pela demanda maior.
O mercado externo se mostra um pouco difícil para as duas neste início de fusão. Os preços estão em queda devido à crise mundial, e o dólar, desvalorizado, gera menos reais.


Texto Anterior: Fundo de pensão do BB atuou para a união
Próximo Texto: Minoritário da Sadia terá 80% do valor pago a controlador
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.