São Paulo, quarta-feira, 20 de maio de 2009

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Emprego recuará ao nível de 2007, afirma Meirelles

PEDRO SOARES
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou que, com a crise, o nível de emprego no país deverá retroceder aos patamares de 2007, o que considerou "preocupante".
"A massa salarial comparada a 2008 está crescendo. Mas a previsão dos índices de desemprego no segundo semestre vai levar a uma trajetória comparada a 2007. Estamos retrocedendo dois anos", disse Meirelles durante o 21º Fórum Nacional, no BNDES, organizado anualmente pelo ex-ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso.
De acordo com dados do IBGE, o desemprego atingiu 9% em março. Em 2008, fechou em 7,9%, ante 9,3% em 2007. Segundo Meirelles, há países em situação pior. "Não podemos esquecer que, em alguns países, o índice vai voltar à década de 40."
O alívio que o governo deu recentemente ao próprio caixa ao afrouxar as metas de economia para pagamento de juros da dívida interna não é visto por Meirelles como algo que possa piorar as contas públicas.
Devido à crise e à queda na arrecadação, o governo reduziu essa meta -chamada de superávit primário- de 3,8% para 2,5% do PIB neste ano, sob alegação da necessidade de preservar investimentos.
Segundo Meirelles, a relação entre a dívida e o PIB estava acima de 40% no ano passado. "Mesmo com a redução da meta de superávit, o mercado prevê que essa relação não fique acima de 39% no fim do ano. Hoje, estamos em 37,8%", diz Meirelles.
A relação dívida/PIB é um importante indicador das contas de um país. Quando está em alto patamar, indica, para investidores estrangeiros, um maior risco de calote.

Superávit zero
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, descartou a possibilidade de zerar o superávit em 2010, como sugeriu o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão ligado à Secretaria de Assuntos Estratégicos.
"O governo considera importante fazer superávit porque queremos continuar o esforço para reduzir a dívida como proporção do PIB", disse Bernardo no Fórum.
O ministro defendeu ainda os cortes de impostos a alguns setores e não descartou a possibilidade de desonerar mais ramos prejudicados pela crise, desde que essas deduções sejam acompanhadas de novos cortes de gastos.
Segundo Bernardo, a turbulência abalou a arrecadação do governo, que contará com cerca de R$ 50 bilhões a menos no seu orçamento deste ano.
De um lado, diz, a crise forçou o governo a fazer "políticas anticíclicas" e cortar impostos de determinados setores -entre eles, o automobilístico e o de eletrodomésticos da linha branca. A desoneração até agora somou R$ 21 bilhões.
Do outro, a retração do consumo e dos investimentos com a crise foi responsável pela queda na arrecadação e explica a redução restante de quase R$ 30 bilhões.
Apesar do impacto da crise, Bernardo afirmou que já existem sinais de melhora na arrecadação.


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