São Paulo, quarta-feira, 20 de maio de 2009

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Entrada de recursos faz dólar encostar em R$ 2

Moeda recua 1,97% e fecha a R$ 2,035; para analista, cotação romperá patamar em breve

Nova intervenção do BC não é suficiente para deter queda do dólar; após alta de 5% na segunda, Bolsa encerra pregão em baixa de 0,23%


TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Diante da contínua entrada de recursos externos, o mercado financeiro se prepara, mais uma vez, para voltar a trabalhar com o dólar comercial abaixo de R$ 2, movimento que, ao lado da redução nas taxas de juros, deve ditar os rumos da economia no restante do ano. Ontem, a moeda americana recuou mais 1,97% e fechou a R$ 2,035, a menor cotação desde 2 de outubro.
A queda do dólar se intensificou nesta semana, com uma aceleração da entrada de recursos em busca de investimentos de risco nos país, o que fez a Bolsa subir 4,77% e a moeda americana recuar 3,55%. Até sexta-feira, quando o dólar ainda estava em R$ 2,11, o mercado previa que a moeda terminasse o ano em R$ 2,10, segundo pesquisa do Banco Central.
Pelo oitavo dia seguido, o BC comprou não mais de US$ 150 milhões dos bancos no mercado à vista para recompor as reservas cambiais. O volume foi insuficiente para mexer com as cotações -o mercado girou US$ 4,3 bilhões.
Os mesmos bancos que venderam dólar no início da tarde a R$ 2,057 para o BC depois desovaram o restante da moeda a um valor menor.
Segundo analistas, esses bancos teriam impedido uma queda maior da moeda pela manhã para vender dólares ao BC pela melhor cotação possível.
"Ninguém quer ficar com dólar na mão. Se continuar nesse ritmo, não vai demorar para o dólar cair para menos de R$ 2. Será questão de dias. Há muito recurso entrando. Para segurar, o BC teria de comprar no mínimo US$ 500 milhões por dia", disse José Roberto Carreira, gerente de câmbio da corretora Novação.
Para Sidnei Nehme, diretor da corretora NGO, os bancos agora estão apostando na queda do dólar para faturar com a liquidação de contratos futuros na virada do mês. "Esse é o quadro presente no nosso mercado e fundamenta a projeção de que o preço da moeda americana possa sofrer queda até R$ 2 ou até menos na virada do mês."
"Esse movimento gigantesco no câmbio é o pessoal dos bancos trocando de posição na BM&F [apostando agora na queda do dólar]. Esse mercado não pode girar US$ 4 bilhões sozinho. O importador que tinha de pagar algum compromisso já pagou. É pouca saída para muita entrada", afirmou Carreira.

Bolsa testa 52 mil pontos
Após subir 5% na véspera, a Bolsa paulista não teve fôlego para manter o preço das ações em patamar tão elevado e terminou o dia com baixa de 0,23%, seguindo o mercado externo. Pela manhã, o Ibovespa chegou a subir 1,32% e atingiu o novo pico do ano, de 52.147 pontos no índice.
A Bolsa de Nova York terminou o dia em baixa de 0,34% (Dow Jones). O pessimismo foi alimentado pela queda nas ações de bancos e empresas de cartão, com a votação no Senado de lei que restringe a cobrança de juros (leia à pág. B9).
Para Monica Araújo, analista da Corretora Ativa, é cedo para dizer que a Bolsa encontrou um novo rumo. "Quando chega aos 52 mil pontos, começa a não sentir fôlego para se manter nesse patamar. Por outro lado, fica cada vez mais claro que o Ibovespa deixou para trás o patamar de 45 mil. A gente vai continuar vendo alguma volatilidade nos próximos dias. Vamos ter um dia subindo, e outro, se ajustando", disse.
"A volatilidade vai continuar, mas não tenha dúvidas de que o Ibovespa a 45 mil ficou para trás. Teremos cada vez mais fundos e topos em patamares mais altos", disse Álvaro Bandeira, da corretora Ágora.


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