|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Entrada de recursos faz dólar encostar em R$ 2
Moeda recua 1,97% e fecha a R$ 2,035; para analista, cotação romperá patamar em breve
Nova intervenção do BC
não é suficiente para deter
queda do dólar; após alta de
5% na segunda, Bolsa encerra
pregão em baixa de 0,23%
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Diante da contínua entrada
de recursos externos, o mercado financeiro se prepara, mais
uma vez, para voltar a trabalhar
com o dólar comercial abaixo
de R$ 2, movimento que, ao lado da redução nas taxas de juros, deve ditar os rumos da economia no restante do ano. Ontem, a moeda americana recuou mais 1,97% e fechou a R$
2,035, a menor cotação desde 2
de outubro.
A queda do dólar se intensificou nesta semana, com uma
aceleração da entrada de recursos em busca de investimentos
de risco nos país, o que fez a
Bolsa subir 4,77% e a moeda
americana recuar 3,55%. Até
sexta-feira, quando o dólar ainda estava em R$ 2,11, o mercado
previa que a moeda terminasse
o ano em R$ 2,10, segundo pesquisa do Banco Central.
Pelo oitavo dia seguido, o BC
comprou não mais de US$ 150
milhões dos bancos no mercado à vista para recompor as reservas cambiais. O volume foi
insuficiente para mexer com as
cotações -o mercado girou
US$ 4,3 bilhões.
Os mesmos bancos que venderam dólar no início da tarde a
R$ 2,057 para o BC depois desovaram o restante da moeda a
um valor menor.
Segundo analistas, esses bancos teriam impedido uma queda maior da moeda pela manhã
para vender dólares ao BC pela
melhor cotação possível.
"Ninguém quer ficar com dólar na mão. Se continuar nesse
ritmo, não vai demorar para o
dólar cair para menos de R$ 2.
Será questão de dias. Há muito
recurso entrando. Para segurar, o BC teria de comprar no
mínimo US$ 500 milhões por
dia", disse José Roberto Carreira, gerente de câmbio da corretora Novação.
Para Sidnei Nehme, diretor
da corretora NGO, os bancos
agora estão apostando na queda do dólar para faturar com a
liquidação de contratos futuros
na virada do mês. "Esse é o quadro presente no nosso mercado
e fundamenta a projeção de que
o preço da moeda americana
possa sofrer queda até R$ 2 ou
até menos na virada do mês."
"Esse movimento gigantesco
no câmbio é o pessoal dos bancos trocando de posição na
BM&F [apostando agora na
queda do dólar]. Esse mercado
não pode girar US$ 4 bilhões
sozinho. O importador que tinha de pagar algum compromisso já pagou. É pouca saída
para muita entrada", afirmou
Carreira.
Bolsa testa 52 mil pontos
Após subir 5% na véspera, a
Bolsa paulista não teve fôlego
para manter o preço das ações
em patamar tão elevado e terminou o dia com baixa de
0,23%, seguindo o mercado externo. Pela manhã, o Ibovespa
chegou a subir 1,32% e atingiu o
novo pico do ano, de 52.147
pontos no índice.
A Bolsa de Nova York terminou o dia em baixa de 0,34%
(Dow Jones). O pessimismo foi
alimentado pela queda nas
ações de bancos e empresas de
cartão, com a votação no Senado de lei que restringe a cobrança de juros (leia à pág. B9).
Para Monica Araújo, analista
da Corretora Ativa, é cedo para
dizer que a Bolsa encontrou um
novo rumo. "Quando chega aos
52 mil pontos, começa a não
sentir fôlego para se manter
nesse patamar. Por outro lado,
fica cada vez mais claro que o
Ibovespa deixou para trás o patamar de 45 mil. A gente vai
continuar vendo alguma volatilidade nos próximos dias. Vamos ter um dia subindo, e outro, se ajustando", disse.
"A volatilidade vai continuar,
mas não tenha dúvidas de que o
Ibovespa a 45 mil ficou para
trás. Teremos cada vez mais
fundos e topos em patamares
mais altos", disse Álvaro Bandeira, da corretora Ágora.
Texto Anterior: Emprego recuará ao nível de 2007, afirma Meirelles Próximo Texto: Imposto vai render R$ 64 mi a centrais Índice
|