São Paulo, Quinta-feira, 20 de Maio de 1999
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MERCADO FINANCEIRO

Rumores derrubam títulos brasileiros

da Reportagem Local

Os C-Bonds, títulos brasileiros mais comercializados no exterior, tiveram queda de 2,71% em seu valor de face ontem, devido a uma crise de credibilidade que afetou os papéis de países emergentes.
Os papéis brasileiros fecharam o dia cotados em 65% de seu valor de face. Quanto maior o deságio, menor a confiança de que o governo irá honrar o compromisso no vencimento dos títulos.
Os rumores de que a Argentina poderia promover o fim da paridade entre o peso (moeda local) e o dólar (moeda norte-americana) foram responsáveis, em parte, pela crise de ontem.
Os "global bonds" (títulos globais) argentinos, com vencimento em 2017, caíram 3,5 pontos percentuais, sendo negociados a 90,75% do valor de face.
Os boatos nasceram de uma entrevista do ex-ministro da Economia argentina, Domingos Cavallo, ao jornal britânico "Financial Times". Na publicação, ele disse que o governo poderia acabar com a convertibilidade obrigatória entre peso e dólar.
A repercussão da notícia ganhou força depois do anúncio, ontem, de que duas empresas argentinas (SuperCanal e Central Elétrica Guemes) iriam decretar moratória em seus compromissos com instituições externas.
Como a Argentina está tendo dificuldades em ajustar suas contas (a desvalorização do real enfraqueceu a balança comercial argentina), os rumores ficaram mais intensos.
O índice Merval, da Bolsa de Valores de Buenos Aires, refletiu o nervosismo do mercado e fechou o pregão em queda de 4,29%.
Devido à proximidade entre as duas economias e com medo de que uma crise argentina abalasse a credibilidade da recuperação econômica brasileira, a Bolsa de Valores de São Paulo reverteu as expectativas e registrou queda de 1,21%.
Os operadores esperavam que a Bolsa trabalhasse em alta, graças ao ambiente positivo causado pela espera da queda nos juros -que poderia ser menor por causa dos problemas com os títulos.
Se os investidores perderem a confiança nos C-Bonds podem requerer um juro maior como atrativo. A rentabilidade média dos títulos, hoje, é de 13% ao ano. Quanto maior a rentabilidade dos "bonds", menor a possibilidade de caírem os juros de mercado no Brasil. (MARCELO DIEGO)




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