São Paulo, domingo, 20 de junho de 2004

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VISÃO DE FORA

Mesmo divergentes no receituário, Jeffrey Sachs, Joseph Stiglitz, Stanley Fischer e Robert Rubin vêem cenário pessimista

Brasil decepciona "notáveis" da economia

ÉRICA FRAGA
EM NOVA YORK

O Brasil tem exibido resultados econômicos decepcionantes. Pior do que isso, o atual governo não tem adotado medidas que sejam suficientes para inverter esse quadro ruim e fazer a economia atingir taxas maiores e mais sustentáveis de crescimento no futuro. O diagnóstico pessimista é compartilhado por quatro dos maiores economistas norte-americanos da atualidade: Jeffrey Sachs, Joseph Stiglitz, Stanley Fischer e Robert Rubin.
O complemento dessa análise comum, no entanto, são sugestões de políticas que estão longe de um ponto de convergência.
Notadamente mais heterodoxos, Sachs e Stiglitz -professores da Universidade Columbia- dizem que os países da América Latina fizeram muitas reformas macroeconômicas nas últimas décadas que provaram ser insuficientes para colocá-los na trilha do crescimento sustentado.
Defendem a importância de que o Brasil, por exemplo, adote uma estratégia de desenvolvimento que envolva maior intervenção do governo na elaboração de medidas como políticas industriais.
No extremo oposto, Stanley Fischer-presidente do Citigroup Internacional e ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI)- diz que, para ele, os países latino-americanos, com exceção do Chile, fizeram, na verdade, reformas liberais de menos.
Ele acredita que o governo Lula, por exemplo, precisa promover reformas estruturais que viabilizem uma melhoria da infra-estrutura do país. Fischer discorda que políticas industriais sejam importantes, "a não ser pelo fato de que não se deve fazê-las".
Já Rubin-presidente do Comitê Executivo do Citigroup e ex-secretário do Tesouro norte-americano-tem uma posição mais conciliatória. Para ele, a América Latina "atingiu muito" com as reformas liberais. Mas ressalta que faltam a países como Brasil e México ter políticas mais voltadas para reduzir a pobreza.
As opiniões dos quatro badalados economistas foram compartilhadas com 12 jornalistas estrangeiros, durante seminários organizados pela Universidade Columbia, em Nova York, e patrocinados pelo Citigroup.
A referência citada sempre como contraponto ao desempenho econômico ruim da América Latina era a Ásia. O tom do discurso dos economistas quando falavam da América Latina era sempre de reticências "já a América Latina...", seguido por pessimismo, invariavelmente, representado pelo adjetivo "decepcionante".


A jornalista Érica Fraga viajou a convite do Citigroup

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