São Paulo, domingo, 20 de junho de 2004

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JOSEPH STIGLITZ

"Lula precisará rever estratégia"

EM NOVA YORK

O Brasil está se acostumando a crescer pouco. A avaliação é do economista Joseph Stiglitz. Para ele, se o governo Lula não mudar de estratégia logo, corre o risco de terminar seu mandato "sem ter o que mostrar".
"Depois de apresentar altas taxas de crescimento durante várias décadas, o Brasil deverá crescer algo mais que 2% neste ano. O pior é que esse crescimento é motivo de comemoração. Parece que o nível de aspiração da população está mudando, o que é ruim", afirmou.
Segundo o economista, as pessoas deveriam ser mais críticas em relação ao governo. "Acho que o governo Lula está perto do ponto onde terá de admitir que a estratégia adotada até agora está se esgotando", afirmou.
Stiglitz ressalta que as últimas duas décadas -justamente quando os países latino-americanos perseguiram políticas macroeconômicas liberais- foram as piores para a região.
"O modelo que funcionou foi o implementado no Sudeste Asiático. A maior parte dos países conseguiu ótimas taxas de crescimento." Ele cita o exemplo do Chile, país de desempenho mais celebrado da América Latina, que usou com sucesso, por muitos anos, controle de capital, medida rechaçada por muitos economistas liberais.
Stiglitz, que ganhou em 2001 o prêmio Nobel de Economia por seu trabalho sobre o papel da informação assimétrica na economia, se tornou nos últimos anos um crítico mordaz das políticas do FMI. Na conversa com jornalistas estrangeiros, ele criticou o processo "pouco democrático" de escolha dos diretores-gerais da instituição. Afirmou que o cargo é sempre destinado a algum país avançado. Citou como exemplo a recente escolha do espanhol Rodrigo Rato e afirmou que o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga poderia ter sido considerado.


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