São Paulo, domingo, 20 de junho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

JEFFREY SACHS

"Perspectivas pioraram bastante"

EM NOVA YORK

Com perspectivas decadentes de sucesso, o governo Lula precisa adotar políticas de desenvolvimento parecidas com as perseguidas há décadas pelos países asiáticos, segundo o economista Jeffrey Sachs. Para ele, falta aos países da América Latina uma estratégia mais intervencionista por parte dos governos locais em termos de implementação de modelos voltados para o crescimento sustentado.
"Há uma sensação de que o governo Lula não possui uma estratégia de longo prazo. Espero que essa sensação seja falsa, mas a verdade é que as perspectivas pioraram bastante nos últimos dois meses", disse Sachs.
Ele diz que os países da América Latina deixaram de lado medidas voltadas para o desenvolvimento de tecnologia e a promoção da educação, como as adotadas pelos asiáticos.
Perguntado pela Folha se os governos latino-americanos exageraram no cumprimento da teoria liberal de comércio, que recomenda aos países em desenvolvimento a especialização na produção de bens primários, nos quais teriam vantagens comparativas, Sachs respondeu: "Sem dúvida que sim".
Ele afirma que a Embraer (empresa brasileira que fabrica aviões) é uma prova da eficiência de estratégias de investimento em tecnologia, "Mas, a maior parte das exportações brasileiras ainda são baseadas em produtos de baixa tecnologia".
Segundo Sachs, há cerca de cinco anos, o Brasil ensaiou passos em direção à estratégia asiática de investimento no desenvolvimento de tecnologia. No entanto, afirma ele, desde a crise financeira provocada pelas eleições em 2002, o foco do debate voltou a estar, quase exclusivamente, nas questões macroeconômicas.


Texto Anterior: Robert Rubin: "Faltam políticas para os pobres"
Próximo Texto: Stanley Fischer: "Reforma ainda está incompleta"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.