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Planalto nega pressão sobre banco federal
Fazenda diz que reunião de Lula com dirigentes de instituições foi rotina e que não houve cobrança para redução dos juros
No encontro ficou acertado, porém, que bancos levarão propostas para diminuir as taxas, consideradas fator de desgaste para a reeleição
SHEILA D"AMORIM
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva exigir que os bancos oficiais reduzam a taxa de juros cobrada nos
empréstimos aos seus clientes,
a equipe econômica tentou minimizar a pressão sobre essas
instituições, que são controladas pela União.
O ministro Guido Mantega
(Fazenda) e o secretário-executivo, Bernard Appy, trataram
a reunião como algo de rotina.
Os juros altos são um fator de
desgaste para a reeleição do
presidente.
No entanto, no encontro da
véspera com o presidente Lula,
quatro ministros, o presidente
do Banco Central e os dirigentes das instituições federais, ficou acertado que cada banco
deverá apresentar uma proposta do que poderá ser feito para
diminuir a taxa que é cobrada
atualmente.
Appy disse que a reunião foi
apenas para discutir a evolução
dos juros bancários e avaliar
medidas que permitam diminuir esse custo. Já Mantega
afirmou que "o governo está
conclamando os bancos para
que eles façam um trabalho no
sentido de permitir que o
"spread" [a diferença entre a taxa cobrada do tomador e a paga
ao aplicador] caia".
"É nossa obrigação estimular
os bancos públicos para que
possam implementar políticas
que venham no sentido de reduzir os seus "spreads"." O ministro argumentou que, embora essas instituições pratiquem
taxas menores do que a concorrência privada, os juros "ainda
são considerados elevados".
Segundo o ministro, Lula
sempre acompanhou o desempenho das instituições públicas
e a evolução do mercado de crédito. "Só que, agora, se colocou
em pauta essa temática".
Fundos constitucionais
Mantega admitiu a possibilidade de reduzir a taxa cobrada
nos financiamentos feitos com
recursos do fundos constitucionais do Norte (FNO), do
Nordeste (FNE) e do Centro-Oeste (FCO), mas que ainda irá
avaliar o assunto melhor.
Além disso, disse que está estudando também propostas
feitas pelo setor privado para
tentar reduzir os "spreads".
A preocupação do governo é
que, apesar da queda na taxa
básica de juros, o "spread" não
está baixando na mesma proporção. "O "spread" não está
baixando na proporção que deveria, então, [ele] é uma preocupação permanente."
Anteontem, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou com representantes
dos cinco bancos federais (Banco do Brasil, Caixa Econômica
Federal, BNDES, Banco do
Nordeste e Banco da Amazônia) para discutir o assunto.
De acordo com o secretário
Appy, "a reunião foi para discutir o aperfeiçoamento do mercado de crédito no Brasil e medidas para redução de "spread"
de forma geral".
Sem pressão
Appy negou que isso signifique pressão do governo federal
e, indiretamente, criticou o noticiário sobre o tema. "O que foi
falado na reunião de ontem
[anteontem] vai muito além
daquilo que apareceu hoje [ontem] na imprensa. Em momento nenhum foi colocada qualquer coisa que comprometa a
boa governança de instituições
publicas, especialmente aquelas que têm acionistas minoritários", afirmou o secretário,
numa referência ao Banco do
Brasil -único, entre os bancos
federais, que possui ações negociadas na Bolsa de Valores.
No caso dos bancos públicos,
Appy disse que foram discutidas maneiras de aumentar a
eficiência das operações dessas
instituições, o que também poderia ajudar na redução da taxa
de juros. "Qualquer medida dos
bancos públicos que possa contribuir para um esforço de redução de "spread" tem que se
encaixar na estratégia competitiva dos bancos. Não pode ser
uma medida que se faça em detrimento da rentabilidade dessas instituições", afirmou.
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