São Paulo, sexta-feira, 20 de julho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Poupança terá ganho próximo ao de fundos

BC muda forma de cálculo da TR e favorece aplicação em caderneta, que poderá dar retorno até maior do que renda fixa

Medida também beneficia contas do FGTS, mas afeta mutuários, que terão juros próximos aos cobrados em linha de crédito convencional

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com os juros praticados no Brasil nos níveis mais baixos da história, o Banco Central decidiu aproximar o rendimento da caderneta de poupança ao rendimento médio oferecido por outras aplicações financeiras.
É a segunda mudança no cálculo da TR promovida pelo governo neste ano. Em março, havia sido feita uma alteração para reduzir o rendimento da poupança, na tentativa de evitar que a caderneta se tornasse mais rentável do que fundos DI e de renda fixa negociados no mercado financeiro.
Já a medida de ontem diminui a distância entre os juros de mercado e a TR. Na prática, o ganho da poupança pode até superar o de alguns fundos, uma vez que a caderneta conta com vantagens que outras aplicações financeiras não oferecem, como a isenção de Imposto de Renda e a ausência de taxas de administração.
As novas normas estabelecem a metodologia a ser seguida para o cálculo da TR (Taxa Referencial) a partir do momento em que os juros de mercado ficarem abaixo de 11% ao ano. Até então, as regras não previam essa possibilidade. Agora, o BC fixou os redutores para juros de até 9% ao ano.
Hoje, a poupança rende a variação da TR mais uma taxa fixa de 0,5% ao mês. A TR, por sua vez, é calculada a partir da chamada TBF (Taxa Básica Financeira). E a TBF reflete o rendimento médio dos CDBs (Certificado de Depósito Bancário) negociados pelos bancos.
Sobre a TBF, aplica-se um redutor para se chegar à TR. O que o BC estabeleceu ontem foi que, quanto mais baixa for a TBF, menor será o redutor usado nesse cálculo.
Embora exista uma preocupação do BC em evitar que o rendimento da poupança ultrapasse a rentabilidade oferecida por fundos DI e de renda fixa (que acompanham a variação da taxa Selic, hoje em 11,5% ao ano), a recente queda dos juros exigia que o redutor usado no cálculo fosse revisto. Mantido o redutor anterior, a TR passaria a apresentar variação negativa em caso de juros de um dígito.
A medida beneficia poupadores e trabalhadores com contas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), já que, ao contrário do que vinha acontecendo ao longo dos últimos anos, a tendência é que essas aplicações passem a ser um pouco mais competitivas em relação aos juros médios oferecidos por outras aplicações.
Por outro lado, aqueles que têm financiamentos habitacionais corrigidos pela TR passarão a pagar juros mais próximos daqueles cobrados em linhas de crédito convencionais.
As novas regras dizem que, enquanto a TBF estiver acima de 10,5% ao ano, o redutor usado será o mesmo adotado atualmente. Abaixo desse nível, o redutor começará a ser reajustado para baixo. Ontem, a TBF estava em 11,097% ao ano.
Apesar das medidas tomadas pelo governo para reduzir sua rentabilidade, a poupança encerrou o primeiro semestre do ano com captação recorde. Os depósitos até junho superaram os saques em R$ 8,773 bilhões.
Em junho, a captação da caderneta somou R$ 2,411 bilhões. Foi o décimo mês seguido em que os depósitos superaram os saques. No final do mês passado, o saldo total mantido pelos poupadores estava em R$ 203,626 bilhões.


Texto Anterior: Mercado Aberto
Próximo Texto: Efeito nas aplicações será no médio prazo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.