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Poupança terá ganho próximo ao de fundos
BC muda forma de cálculo da TR e favorece aplicação em caderneta, que poderá dar retorno até maior do que renda fixa
Medida também beneficia contas do FGTS, mas afeta mutuários, que terão juros próximos aos cobrados em linha de crédito convencional
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com os juros praticados no
Brasil nos níveis mais baixos da
história, o Banco Central decidiu aproximar o rendimento da
caderneta de poupança ao rendimento médio oferecido por
outras aplicações financeiras.
É a segunda mudança no cálculo da TR promovida pelo governo neste ano. Em março, havia sido feita uma alteração para reduzir o rendimento da
poupança, na tentativa de evitar que a caderneta se tornasse
mais rentável do que fundos DI
e de renda fixa negociados no
mercado financeiro.
Já a medida de ontem diminui a distância entre os juros de
mercado e a TR. Na prática, o
ganho da poupança pode até
superar o de alguns fundos,
uma vez que a caderneta conta
com vantagens que outras aplicações financeiras não oferecem, como a isenção de Imposto de Renda e a ausência de taxas de administração.
As novas normas estabelecem a metodologia a ser seguida para o cálculo da TR (Taxa
Referencial) a partir do momento em que os juros de mercado ficarem abaixo de 11% ao
ano. Até então, as regras não
previam essa possibilidade.
Agora, o BC fixou os redutores
para juros de até 9% ao ano.
Hoje, a poupança rende a variação da TR mais uma taxa fixa
de 0,5% ao mês. A TR, por sua
vez, é calculada a partir da chamada TBF (Taxa Básica Financeira). E a TBF reflete o rendimento médio dos CDBs (Certificado de Depósito Bancário)
negociados pelos bancos.
Sobre a TBF, aplica-se um redutor para se chegar à TR. O
que o BC estabeleceu ontem foi
que, quanto mais baixa for a
TBF, menor será o redutor usado nesse cálculo.
Embora exista uma preocupação do BC em evitar que o
rendimento da poupança ultrapasse a rentabilidade oferecida
por fundos DI e de renda fixa
(que acompanham a variação
da taxa Selic, hoje em 11,5% ao
ano), a recente queda dos juros
exigia que o redutor usado no
cálculo fosse revisto. Mantido o
redutor anterior, a TR passaria
a apresentar variação negativa
em caso de juros de um dígito.
A medida beneficia poupadores e trabalhadores com contas
do FGTS (Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço), já que,
ao contrário do que vinha acontecendo ao longo dos últimos
anos, a tendência é que essas
aplicações passem a ser um
pouco mais competitivas em
relação aos juros médios oferecidos por outras aplicações.
Por outro lado, aqueles que
têm financiamentos habitacionais corrigidos pela TR passarão a pagar juros mais próximos daqueles cobrados em linhas de crédito convencionais.
As novas regras dizem que,
enquanto a TBF estiver acima
de 10,5% ao ano, o redutor usado será o mesmo adotado atualmente. Abaixo desse nível, o redutor começará a ser reajustado para baixo. Ontem, a TBF
estava em 11,097% ao ano.
Apesar das medidas tomadas
pelo governo para reduzir sua
rentabilidade, a poupança encerrou o primeiro semestre do
ano com captação recorde. Os
depósitos até junho superaram
os saques em R$ 8,773 bilhões.
Em junho, a captação da caderneta somou R$ 2,411 bilhões. Foi o décimo mês seguido em que os depósitos superaram os saques. No final do mês
passado, o saldo total mantido
pelos poupadores estava em R$
203,626 bilhões.
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