São Paulo, segunda-feira, 20 de agosto de 2007

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FolhaInvest

Multimercados perdem menos na crise

Fundos agressivos que aplicam em ações, câmbio e renda variável têm rentabilidade de -0,8%, ante -13,6% dos atrelados ao Ibovespa

Fundos "alavancados" carregam mais riscos que os investimentos tradicionais e podem causar perdas maiores que o patrimônio

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O turbulento período que o mercado atravessa tem punido com intensidade a Bolsa de Valores de São Paulo. Para quem investe no mercado acionário, as perdas têm sido praticamente inevitáveis. Mas há tipos de fundos que aplicam em ações que têm castigado menos seus investidores, com destaque para alguns mais agressivos.
Os multimercados com renda variável alavancados são os que mais têm resistido à crise. Considerando o pico da Bolsa de Valores, registrado em 19 de julho, e o último dia 15, essa categoria teve rentabilidade negativa média de apenas 0,78%. Nesse período, a Bovespa caiu 15,2%.
Outra categoria que demonstra ter sofrido menos é a catalogada pela Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento) como "ações outros com alavancagem". Essas aplicações tiveram queda média de 3,5% no período levantado. Os dados são do site Fortuna.
Os fundos alavancados são mais agressivos e carregam maiores riscos que os tradicionais. Ser alavancado significa que o fundo pode registrar perdas maiores que seu patrimônio. Ou seja, alavancar uma aplicação significa investir em operações de risco que podem chegar a trazer perdas em montante superior ao patrimônio.
Assim, aplicar em um fundo alavancado requer atenção redobrada. O investidor deve procurar uma instituição financeira de sua confiança, como forma de evitar que gestores despreparados façam suas economias evaporarem.
No caso dos fundos mais tradicionais, as perdas nas últimas semanas foram mais pesadas. Os fundos do tipo Ibovespa indexado (que seguem de perto a oscilação do principal índice da Bolsa paulista) tiveram queda, entre os dias 19 de julho e 15 deste mês, de 13,59%.
No tipo IBX indexado (que acompanham a oscilação do índice formado pelas cem ações mais negociadas), as perdas no período ficaram em 13,38%. Já nos fundos IBX com alavancagem a queda foi menor, de 9,14%.
Os multimercados são caracterizados por poderem aplicar em diferentes segmentos do mercado financeiro, como juros, câmbio e renda variável.
Essas aplicações dão liberdade ao gestor para procurar ações mais interessantes em diferentes segmentos para montar a carteira. Dessa forma, crescem as chances de darem retornos melhores que os registrados pela Bovespa.
"Quem está em uma aplicação atrelada ao Ibovespa vai sofrer com as oscilações da Bolsa de Valores. Como sempre há ações com rentabilidade melhor que a da Bolsa, para quem começa a entender melhor o mercado acionário, é mais interessante não ficar atrelado a fundos Ibovespa", avalia Luiz Roberto Monteiro, assessor de investimentos da corretora Souza Barros.
O Ibovespa é composto pelas 60 ações de maior liquidez da Bolsa. Essa carteira teórica é periodicamente alterada.
Mas as opções de ações para investir é bem mais amplo: há atualmente 433 empresas listadas na Bolsa.
Mesmo entre os papéis do Ibovespa, a oscilação nesse período de crise tem sido variada. Entre 19 de julho e 16 último, a ação preferencial "A" da Tele Norte Leste conseguiu passar ilesa pela turbulência e acumulou valorização de 1,7%. A ação Telemig Participações teve queda branda, de 1,1%.
Outras que caíram menos que a Bovespa no período foram Embraer ON (recuo de 7,1%), Comgás PNA (-8,9%) e Acesita PN (-9%). Os dados foram levantados pela consultoria Economática.
"O investidor brasileiro começa a entender melhor os movimentos do mercado acionário. Está muito mais preparado para acompanhar a Bolsa que há uma década", diz Álvaro Bandeira, presidente da Apimec (Associação dos Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais).
O que a crise atual tem mostrado é que, de qualquer forma, aplicar em ações é sempre arriscado.
As dificuldades que a Bovespa tem enfrentado nas últimas quatro semanas não espantaram o investidor dos fundos de ações. Ao menos não por enquanto. Desde que a crise piorou, no último dia 24, até a quarta-feira passada, os fundos de ações registraram captação líquida positiva de R$ 1,629 bilhão. Ou seja, mais pessoas aplicaram que sacaram recursos dos fundos acionários.

Vendas e quedas
O que tem prejudicado bastante a Bolsa são as pesadas vendas feitas pelos estrangeiros. Depois de julho ter registrado saída líquida recorde de capital externo da Bolsa -R$ 3,24 bilhões-, em agosto o saldo das operações dos estrangeiros está negativo em R$ 2,14 bilhões (até o dia 15).


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