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FolhaInvest
Multimercados perdem menos na crise
Fundos agressivos que aplicam em ações, câmbio e renda variável têm rentabilidade de -0,8%, ante -13,6% dos atrelados ao Ibovespa
Fundos "alavancados"
carregam mais riscos que
os investimentos
tradicionais
e podem causar
perdas maiores que o
patrimônio
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O turbulento período que o
mercado atravessa tem punido
com intensidade a Bolsa de Valores de São Paulo. Para quem
investe no mercado acionário,
as perdas têm sido praticamente inevitáveis. Mas há tipos de
fundos que aplicam em ações
que têm castigado menos seus
investidores, com destaque para alguns mais agressivos.
Os multimercados com renda variável alavancados são os
que mais têm resistido à crise.
Considerando o pico da Bolsa
de Valores, registrado em 19 de
julho, e o último dia 15, essa categoria teve rentabilidade negativa média de apenas 0,78%.
Nesse período, a Bovespa caiu
15,2%.
Outra categoria que demonstra ter sofrido menos é a catalogada pela Anbid (Associação
Nacional dos Bancos de Investimento) como "ações outros
com alavancagem". Essas aplicações tiveram queda média de
3,5% no período levantado. Os
dados são do site Fortuna.
Os fundos alavancados são
mais agressivos e carregam
maiores riscos que os tradicionais. Ser alavancado significa
que o fundo pode registrar perdas maiores que seu patrimônio. Ou seja, alavancar uma
aplicação significa investir em
operações de risco que podem
chegar a trazer perdas em montante superior ao patrimônio.
Assim, aplicar em um fundo
alavancado requer atenção redobrada. O investidor deve procurar uma instituição financeira de sua confiança, como forma de evitar que gestores despreparados façam suas economias evaporarem.
No caso dos fundos mais tradicionais, as perdas nas últimas
semanas foram mais pesadas.
Os fundos do tipo Ibovespa indexado (que seguem de perto a
oscilação do principal índice da
Bolsa paulista) tiveram queda,
entre os dias 19 de julho e 15
deste mês, de 13,59%.
No tipo IBX indexado (que
acompanham a oscilação do índice formado pelas cem ações
mais negociadas), as perdas no
período ficaram em 13,38%. Já
nos fundos IBX com alavancagem a queda foi menor, de
9,14%.
Os multimercados são caracterizados por poderem aplicar
em diferentes segmentos do
mercado financeiro, como juros, câmbio e renda variável.
Essas aplicações dão liberdade ao gestor para procurar
ações mais interessantes em diferentes segmentos para montar a carteira. Dessa forma,
crescem as chances de darem
retornos melhores que os registrados pela Bovespa.
"Quem está em uma aplicação atrelada ao Ibovespa vai sofrer com as oscilações da Bolsa
de Valores. Como sempre há
ações com rentabilidade melhor que a da Bolsa, para quem
começa a entender melhor o
mercado acionário, é mais interessante não ficar atrelado a
fundos Ibovespa", avalia Luiz
Roberto Monteiro, assessor de
investimentos da corretora
Souza Barros.
O Ibovespa é composto pelas
60 ações de maior liquidez da
Bolsa. Essa carteira teórica é
periodicamente alterada.
Mas as opções de ações para
investir é bem mais amplo: há
atualmente 433 empresas listadas na Bolsa.
Mesmo entre os papéis do
Ibovespa, a oscilação nesse período de crise tem sido variada.
Entre 19 de julho e 16 último, a
ação preferencial "A" da Tele
Norte Leste conseguiu passar
ilesa pela turbulência e acumulou valorização de 1,7%. A ação
Telemig Participações teve
queda branda, de 1,1%.
Outras que caíram menos
que a Bovespa no período foram Embraer ON (recuo de
7,1%), Comgás PNA (-8,9%) e
Acesita PN (-9%). Os dados foram levantados pela consultoria Economática.
"O investidor brasileiro começa a entender melhor os movimentos do mercado acionário. Está muito mais preparado
para acompanhar a Bolsa que
há uma década", diz Álvaro
Bandeira, presidente da Apimec (Associação dos Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais).
O que a crise atual tem mostrado é que, de qualquer forma,
aplicar em ações é sempre arriscado.
As dificuldades que a Bovespa tem enfrentado nas últimas
quatro semanas não espantaram o investidor dos fundos de
ações. Ao menos não por enquanto. Desde que a crise piorou, no último dia 24, até a
quarta-feira passada, os fundos
de ações registraram captação
líquida positiva de R$ 1,629 bilhão. Ou seja, mais pessoas aplicaram que sacaram recursos
dos fundos acionários.
Vendas e quedas
O que tem prejudicado bastante a Bolsa são as pesadas
vendas feitas pelos estrangeiros. Depois de julho ter registrado saída líquida recorde de
capital externo da Bolsa -R$
3,24 bilhões-, em agosto o saldo das operações dos estrangeiros está negativo em R$ 2,14 bilhões (até o dia 15).
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