|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crise evita aumento maior da dívida
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A dívida pública federal em títulos cresceu 0,6% em agosto sobre
o mês anterior e atingiu R$ 920,8
bilhões. A crise política foi o principal fator para o crescimento ter
sido moderado, já que reduziu o
apetite dos investidores por papéis do governo. Isso obrigou o
Tesouro Nacional a retirar (resgate líquido) do mercado em agosto
R$ 7,8 bilhões em títulos.
"Em épocas de volatilidade, o
Tesouro é mais conservador. Reduzimos os lotes de títulos para
não pressionar o mercado. Mas,
em setembro, o cenário está mais
tranqüilo", disse Paulo Valle,
coordenador-geral da Dívida Pública. Se o mercado tivesse comprado mais papéis em agosto, o
crescimento da dívida teria sido
maior. Como isso não ocorreu, a
expansão deve-se basicamente ao
efeito dos juros sobre a dívida.
Nas conta do Tesouro, a redução da Selic em 0,25 ponto percentual, promovida pelo Copom
(Comitê de Política Monetária) na
semana passada, pode gerar economia anual de R$ 1,3 bilhão no
pagamento da dívida pública.
Os cálculos são feitos com base
no montante atual de R$ 519 bilhões em títulos federais atrelados
à Selic. A economia se concretizará somente se os juros forem
mantidos nesse patamar pelos
próximos 12 meses. Desde que o
Banco Central iniciou a elevação
da Selic, em setembro de 2004, a
dívida total em títulos (incluindo
papéis com outros tipos de remuneração) cresceu R$ 149 bilhões.
Paulo Valle afirma que, apesar
da volatilidade em agosto, o Tesouro trabalha com uma folga na
rolagem da dívida. Segundo ele,
de janeiro a agosto, o governo rolou 5% acima do necessário no
período. Dados do mês passado
mostram, entretanto, que em julho esse índice estava 9% acima
do total de vencimentos.
A folga no financiamento da dívida, somada ao superávit primário (receita menos despesas, exceto os juros), compõe o chamado
"colchão" de liquidez do governo.
Em agosto, o governo planejava
captar até R$ 35 bilhões -os vencimentos do mês foram de R$
27,5 bilhões. Por causa da instabilidade no mercado, as emissões ficaram em R$ 27,9 bilhões. Para
setembro, os planos são emitir até
R$ 32 bilhões. Os vencimentos do
mês totalizarão R$ 25 bilhões. Nas
duas primeiras semanas, foram
emitidos R$ 15 bilhões. Na avaliação de Paulo Valle, a demanda
dos investidores por papéis em
setembro "está alta".
Para outubro, o Tesouro prevê
grande concentração de vencimentos de prefixados: R$ 61 bilhões. O Tesouro e o BC, no entanto, vêm antecipando a recompra e a troca desses papéis para retirar a pressão sobre o mês. Até o
último dia 9, essas operações somavam R$ 21 bilhões.
Perfil
No mês de agosto, a composição
da dívida apresentou ligeira melhora. A parcela de papéis atreladas à Selic caiu de 57,32% para
55,85%. A exposição cambial
também caiu -de 4,15% para
4,11%. Quanto menor a parcela
vinculada ao câmbio e à taxa de
juros pós-fixada, melhor. Isso torna a dívida menos suscetível a períodos de instabilidade.
Já a dívida prefixada apresentou
moderado crescimento de
22,37% para 23,87%. Esse aumento favorece o governo, pois dá
mais previsibilidade na administração da dívida. O total de títulos
com vencimento em até 12 meses
caiu de 44,2% para 42,7% em
agosto. O prazo médio do vencimento do estoque diminuiu de
27,6 meses para 27,4 meses.
Texto Anterior: Argentina vai emitir títulos de até US$ 2 bi Próximo Texto: Mercado espera nova queda dos juros Índice
|