|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Era de "megassuperavit" do setor público pode ter chegado ao fim
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Tão reveladora quanto as
previsões é a tranquilidade com
que o mercado trata o esperado
descumprimento das metas fiscais, esteio da política econômica nos últimos anos ao lado
das metas de inflação.
Pelo que se pode interpretar
das avaliações de especialistas,
a ausência de uma onda de desconfiança com a evolução da dívida pública -capaz de fazer
disparar o dólar, a inflação e os
juros- dá sinais de que pode
ter chegado ao fim a era dos
megassuperavit destinados a
garantir a solvência do país.
"Depois de uma agenda de
ajuste consolidada nos últimos
anos, existe capacidade financeira para administrar a dívida.
Os mercados não vão impor
constrangimentos [em caso de
superavit menor]", diz Roberto
Padovani, estrategista-chefe do
Banco WestLB, que projeta resultados de apenas 1,2% do PIB
neste ano e 1,8% em 2010.
Sérgio Vale, da MB Associados, partilha da previsão média
dos analistas para o próximo
ano, que considera suficiente
para evitar temores imediatos
quanto à solidez das contas públicas. "Com a volta do crescimento do PIB e o superavit de
2,5%, nós voltamos para uma
trajetória de queda da dívida."
Mesmo em alta neste ano, a
dívida pública está longe de
causar um terremoto financeiro como o das eleições de 2002
-na época, ela chegou a 56% do
PIB, contra 44% hoje. Mais importante, há atualmente a vantagem dos menores juros da
história documentada do país,
outro efeito da crise global.
Para Padovani, a política fiscal levará em conta menos a
solvência da dívida e mais as
preocupações como a distribuição da carga tributária e o espaço orçamentário para ampliar
investimentos -ou seja, o tamanho do superavit será menos importante que os efeitos
dos gastos no crescimento.
Vale diz que a trajetória de
expansão de gastos permanentes terá de ser interrompida
após as eleições. "O próximo
presidente, se fizer o correto,
terá que acabar com a festa."
Texto Anterior: Tesouro turbina caixa com lucro de estatais Próximo Texto: Albert Fishlow: Agora vem a parte difícil Índice
|