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São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 2003

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QUEDA-DE-BRAÇO

Presidente chinês diz que cotação é coerente com situação econômica

China descarta mudança no câmbio

ALAN WHEATLEY
DA REUTERS

O presidente da China, Hu Jintao, rejeitou ontem pedidos dos Estados Unidos para que Pequim reavalie sua moeda, mas garantiu que o país manterá a promessa de abrir seu pujante mercado à concorrência estrangeira.
O presidente americano, George W. Bush, que disputará a reeleição em novembro de 2004, tem sofrido pressões de fabricantes americanos para fazer lobby com a China para liberar o yuan e deixá-lo flutuar para um valor maior em reação às forças de mercado.
Alguns legisladores americanos, perturbados com a rápida alta do superávit comercial da China, que, dizem, tem custado empregos aos americanos, ameaçaram revogar os privilégios comerciais de Pequim nos EUA.
As moedas asiáticas subitamente surgiram como uma questão premente para os eleitores americanos. Em Tóquio, na sexta-feira, na primeira escala de uma turnê por seis países da Ásia, Bush sugeriu que o primeiro-ministro Junichiro Koizumi contenha as iniciativas para enfraquecer o iene, dizendo-lhe que os mercados devem definir as taxas de câmbio.
Hu e Bush não se referiram à questão da moeda depois de uma reunião sobre detalhes da cúpula Ásia-Pacífico, mas o líder chinês disse que concordaram em solucionar por meio do diálogo eventuais disputas comerciais.
Bush disse que discutiu com Hu "a necessidade de garantir que o comércio seja aberto e que ambos os países se beneficiem dele".
Os exportadores americanos têm crescentes dúvidas sobre os benefícios; segundo eles, a taxa virtualmente fixa do yuan a 8,28 por dólar é fraca demais diante da pujança da economia chinesa e seus US$ 384 bilhões em reservas.
Mas, em um discurso para empresários antes da reunião com Bush, Hu repetiu o mantra de Pequim de que sua política cambial é coerente com a atual situação da economia chinesa, seu nível de regulamentação financeira e a situação de suas empresas.
"Com base nesse sistema, manter a taxa de câmbio do yuan estável atende ao desempenho econômico da China e às exigências do desenvolvimento econômico da região Ásia-Pacífico e do mundo todo", disse ele. "Vamos manter a estabilidade básica da taxa de câmbio do yuan em um nível razoável e equilibrado", afirmou.
Muitos economistas concordam com os criadores de políticas chineses de que os bancos da China são tão fracos que liberar prematuramente o yuan e desarmar os controles de capital poderiam precipitar uma crise financeira na sexta maior economia do mundo.
O presidente do Banco Central da China, Zhou Xiaochuan, disse que uma reavaliação poderia deixar milhões de agricultores chineses sem trabalho e reafirmou a determinação das autoridades para evitar a pressão especulativa por um yuan mais forte.
"Numa visão para desencorajar a especulação com "dinheiro quente", é recomendável garantir sua estabilidade", disse Zhou. "Esse tipo de especulação muito provavelmente fracassará."
Alerta às sensibilidades políticas, Hu disse que a China continuará abrindo seu mercado de 1,3 bilhão de pessoas, como prometeu quando o país ingressou na Organização Mundial do Comércio, no final de 2001.
Hu lembrou que a China resistiu à tentação de acompanhar muitos de seus vizinhos, que desvalorizaram suas moedas na crise econômica asiática de 1997/98.
"A China deu sua contribuição para a estabilidade financeira e econômica da Ásia e do mundo em geral. Seguiremos a mesma abordagem responsável com a taxa de câmbio do yuan agora."


Tradução de Luiz Roberto Gonçalves


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