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CRISE NO AR
Estatal diz que acionará o Ministério Público e irá à Justiça para obter valor de taxas de embarque não repassado pela empresa
Infraero acusa Vasp de apropriação indébita
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Vasp cometeu crime de apropriação indébita e será investigada pelo Ministério Público, caso
não pague uma dívida de R$ 11,6
milhões com a Infraero, segundo
o presidente da estatal responsável pela administração de aeroportos, Carlos Wilson. A pena
prevista para o crime é de prisão
de até quatro anos mais multa.
"Tem uma outra questão: a da
taxa de embarque. Ela não pertence a nenhuma companhia. Ela
é paga pelos passageiros. A companhia que ficar com ela está cometendo apropriação indébita",
disse Wilson, antes de se reunir
com o ministro da Defesa, José
Viegas, para discutir o problema.
Ele afirmou, depois do encontro
com Viegas, que encaminhou ontem para o departamento jurídico
as ações que a empresa pretende
mover para reaver o dinheiro que
ficou com a Vasp. Além de iniciar
um processo de cobrança judicial,
a Infraero vai enviar os dados para o Ministério Público, que investigará a empresa pelo crime de
apropriação indébita. "Somos
obrigados a informar o Ministério
Público", afirmou Wilson.
Nos últimos meses, a companhia de Wagner Canhedo não repassou para a Infraero as taxas de
embarque que cobrou de passageiros. O dinheiro, que não pertence à Vasp, nunca deixou os cofres da empresa, segundo a Infraero. O valor total das taxas de
embarque que a companhia se
apropriou foi de R$ 11,6 milhões.
A empresa, no entanto, não foi a
única a não repassar l as taxas de
embarque. Ao longo deste ano, a
Varig chegou a ter um dívida de
cerca de R$ 25 milhões pelo mesmo motivo. Segundo a direção da
Infraero, a maior companhia área
do país já quitou esses débitos.
Além das taxas de embarque, a
Vasp deve à estatal outros R$ 750
milhões em tarifas aeroportuárias
e outras taxas. Nesse caso, não há
apropriação indébita, pois a Vasp
não recolheu de ninguém o dinheiro com o fim específico de
pagar essas obrigações.
A assessoria da Vasp não quis
comentar os detalhes sobre a sua
situação. Disse apenas que Canhedo negociaria até o último
momento com Wilson para tentar encontrar uma solução. O prazo, que deveria terminar no final
da manhã de ontem, foi estendido
até o final do dia.
"Somos os mais tolerantes. O
nosso desejo é ver as companhias
fortes. Agora tem um limite, e o limite é a lei", disse Wilson.
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