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Mineradora
mantém projetos
de siderurgia
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
Enquanto siderúrgicas
brasileiras adiavam investimentos por sofrer com a
queda na venda de aço, devido à crise, a Vale -que é mineradora, e não siderúrgica-
manteve seus projetos para
produção de aço.
A decisão resistiu até mesmo ao adiamento de US$ 5
bilhões previstos em investimentos para este ano, a
maior parte ligada a seu negócio principal.
A Vale começou a falar em
investimentos em siderurgia
em 2001. A ideia é entrar como sócia minoritária de grupos globais e, assim, estimular o crescimento de seu
mercado de minério de ferro.
Até o momento, porém, a Vale ainda não produziu aço.
Antes da crise, a empresa
planejava construir usinas
no Pará, Ceará e Espírito
Santo, além de concluir a
construção da CSA (Companhia Siderúrgica do Atlântico), no Rio, em sociedade
com a alemã ThyssenKrupp.
Um ano depois os projetos
estão mantidos e, em um dos
casos, até ampliado. No Espírito Santo, a crise afastou em
janeiro o sócio, a siderúrgica
chinesa Baosteel, que ficaria
com 60% dos investimentos,
de US$ 4,5 bilhões. Meses
depois, a Vale retomou o projeto sozinha.
Na CSA, a Vale decidiu aumentar sua participação de
10% para 26,8%, injetando
mais US$ 1,5 bilhão.
A crise levou a Usiminas a
adiar, em julho, o projeto de
construir uma usina em Santana do Paraíso (MG), de
US$ 6 bilhões. CSN e Gerdau,
que tiveram que desligar altos fornos devido à queda nas
encomendas, ainda não retomaram projetos -no total,
congelaram US$ 7 bilhões
que seriam investidos na ampliação de três usinas.
Atrasos
Apesar da manutenção dos
projetos siderúrgicos, na
prática não foi feito investimento relevante ao longo
deste ano, com exceção do
aporte para conclusão da
CSA. Os desembolsos não
saíram por causa de questionamentos ambientais.
"A Vale não tem culpa pelos atrasos, mas, neste momento, os atrasos por questões ambientais a favoreceram", diz Gilberto Cardoso,
analista do Banif Securities.
Os governos do Pará e Espírito Santo afirmam que
não têm participação direta
em um possível atraso no
cronograma dos projetos.
O Espírito Santo, que vai
abrigar a CSU (Companhia
Siderúrgica Ubu), afirmou
que o principal entrave do
projeto são questões ambientais, mas, segundo o governo, a empresa não finalizou a compra de terrenos.
Por outro lado, é esperada
uma resolução de toda a parte burocrática em "alguns
meses". As principais dúvidas ambientais são relacionados à emissão de partículas de carbono e ao reaproveitamento da água.
No Pará, anunciado como
sede da Alpa (Aços Laminados do Pará), o que atrasou o
projeto foi a discussão da forma de incentivo financeiro a
ser concedida pelo Estado,
mas a resolução é prevista
pelo governo para breve.
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