São Paulo, sexta-feira, 20 de novembro de 2009

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Bolsa quer fim de IOF em lançamento de ação

Presidente da BM&FBovespa elogia taxação de ADRs, mas diz que não faz sentido punir estrangeiro na oferta de novos papéis

Profissionais ainda demonstram dúvidas em relação à abrangência do novo IOF e seus impactos no mercado financeiro

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Após elogiar a taxação das operações que envolvam os ADRs, o diretor-presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, aproveitou para fazer um novo pedido ao governo ontem. O executivo quer agora que o governo isente os lançamentos de ações da cobrança do tributo.
"Ao taxar também os ADRs com IOF, o governo demonstrou estar sensível e atento à importância do mercado de capitais brasileiro", disse Pinto.
"[Mas] reitero nosso pleito de que operações como essa [IPO], assim como outras ofertas de ações, não sejam tributadas com o IOF. A nosso ver, não faz sentido punir o investimento estrangeiro em atividades que vão gerar empregos e crescimento para o país."
No mercado, ainda não se sabe ao certo qual o impacto e o alcance da nova taxação. Muitos profissionais criticaram que a medida, anunciada na noite de quarta-feira pelo Ministério da Fazenda, não era muito clara. Na interpretação de alguns, apenas as emissões de novos ADRs seriam tributadas. Para outros, o IOF de 1,5% incidirá em algumas operações específicas com ADRs que já estão em circulação no mercado.
Os ADRs são recibos de ações de companhias estrangeiras negociadas no mercado de Nova York. Quando o governo decidiu, há um mês, passar a cobrar 2% de IOF dos estrangeiros que operassem no mercado brasileiro, surgiu o temor de que esses investidores passassem a concentram suas negociações nos ADRs, o que esvaziaria o pregão doméstico.
O diretor-presidente da Bolsa afirmou que discutiu com o governo a "assimetria que o IOF havia criado", deixando mais baratos os negócios com ADRs no exterior. "Mostramos que os negócios com ADRs cresceram após o IOF."
Ontem o dia foi de queda na Bolsa e alta no câmbio. Mas analistas afirmaram que não dá para colocar a culpa no novo IOF, pois o dia foi negativo no mercado global. A Bovespa ficou entre as que menos caíram.
Roberto Padovani, estrategista-chefe do banco WestLB, lembra que o dólar está enfraquecido diante das principais moedas do mundo. "Não adianta imaginar que medidas como essa vão reverter o processo que presenciamos no câmbio. Essas medidas são de curto prazo e têm apenas efeitos temporários. E o ruim é que acabam por criar uma incerteza regulatória", diz Padovani.


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