São Paulo, domingo, 20 de dezembro de 1998

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SUAS CONTAS
Contribuintes que compram um plano sem conhecer bem as regras podem ter perda na entrada ou na saída
Previdência privada dobra em dezembro

da Redação

Dados da Superintendência de Seguros Privados mostram que dezembro é o mês da previdência privada aberta, cujos planos são oferecidos ao público em geral.
Observe, no gráfico ao lado, como as contribuições em dezembro de 97 atingiram o pico do ano. Foram a R$ 413,8 milhões, 152,6% acima da média mensal anterior.
A farta propaganda dos planos nessa época, entretanto, nem sempre alerta o cliente para regras da previdência privada que podem levá-lo a ter prejuízo.
Em primeiro lugar, é preciso ficar claro que o abatimento das contribuições na declaração do IR é limitado a 12% da renda.
O abatimento reduz o imposto a pagar ou eleva a restituição. Se você está enquadrado na alíquota de 27,5% do IR e aplica R$ 500, por exemplo, deixa de pagar R$ 137,50 de imposto. Na prática, estará desembolsando R$ 362,50, pois a diferença deixa de ser paga ao fisco.
Só que, ao sacar no futuro o dinheiro aplicado, o contribuinte precisará recolher imposto. Não há isenção. O IR é apenas adiado.
Sempre que as retiradas forem superiores a R$ 900 por mês -o limite de isenção na tabela mensal do IR-, a própria empresa de previdência ou seguradora faz a retenção do imposto na fonte.
Entretanto, como em geral o contribuinte possui outra fonte de renda, caberá a ele recolher a diferença de IR na declaração seguinte.
O contribuinte pode se envolver em situação complicada quando faz retiradas de valor elevado.
Imagine alguém com renda anual de R$ 100 mil que aplique R$ 150 mil (retirados de uma poupança ou do FGTS ao se aposentar) num plano para só depois se decidir pela renda mensal vitalícia.
Meses depois, precisa resgatar o dinheiro numa emergência qualquer. Na entrada, abateria só R$ 12 mil no IR. Na saída, sacando por hipótese os mesmos R$ 150 mil, teria retidos ao fisco, pela tabela mensal, R$ 40.890.
O ideal, em previdência privada, é a pessoa começar a contribuir cedo, formando aos poucos o pecúlio. No futuro, vai retirando também aos poucos, de preferência uma renda mensal vitalícia.
Fazer poupança sozinho é uma opção, mas o dinheiro pode acabar. Os planos de previdência, por sua vez, têm um custo.
Nos planos tradicionais, que garantem IGP-M mais 6% ao ano, repartindo com o cliente o excedente financeiro, as taxas de administração sobre as contribuições variam de 3% a 12%. Com uma de 10%, por exemplo, você aplica R$ 100 e apenas R$ 90 passam a ser capitalizados em seu nome.
O mercado lançou neste ano um produto novo, o PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre), que não garante rentabilidade mínima e todo o excedente é do cliente. Na maioria desses planos a taxa de administração é mais baixa. (GJC)



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