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Banespa pode obter
crédito de R$ 400 mi
da Reportagem Local
Um dos mais cotados na lista dos
bons negócios é o Banespa (Banco
do Estado de São Paulo). Com privatização prevista para o ano que
vem, o banco guarda um presente
em torno de R$ 400 milhões para
quem comprá-lo.
Esse é o valor que o analista de
bancos do Bozano, Simonsen, Pedro Guimarães, estima que o Banespa tenha de créditos tributários. O Banespa tem R$ 1,12 bilhão
em ações da Cesp -a companhia
elétrica de São Paulo.
Mas o preço dessas ações despencou no mercado e isso tem impacto direto sobre o IR devido pelo
banco. Só no decorrer deste ano, as
ações preferenciais da Cesp (que
não têm direito a voto) caíram 52%
-considerando a última cotação
de dezembro de 97 e a de sexta-feira, segundo a Economática.
Mas o Banespa não realizou esse
prejuízo, ou seja, as ações continuam na carteira do banco. Dessa
forma, o banco não pode lançar a
redução do preço como prejuízo
na contabilidade fiscal, muito embora seja obrigado a apontar a redução na contabilidade social,
provisionando a perda.
Assim, o lucro cai, ou até aponta
prejuízo -como aconteceu nas últimas demonstrações do Banespa-, mas o banco continua pagando IR sobre o total, já que o
prejuízo não se realizou. Isso vai se
transformar em crédito tributário,
explica Guimarães. "E muito provavelmente terá grande influência
sobre a venda do banco", diz o analista.
No mais recente exemplo de banco oficial vendido, o Bandepe
(Banco do Estado de Pernambuco)
foi adquirido pelo holandês ABN-Amro pelo preço mínimo: R$ 182,9
milhões. O crédito tributário fica
perto dos R$ 180 milhões, segundo
Guimarães, por causa dos prejuízos passados que a instituição
amargou.
Agora, saneado e vendido, o banco ainda dará ao comprador a possibilidade de não depositar compulsórios sobre depósitos à vista e
a prazo por cerca de seis meses.
Mas as informações sobre esses
créditos são confidenciais. Mesmo
quando os balanços publicados
mostram que houve uma reversão
de créditos, normalmente não explicam do que se trata exatamente.
No caso dos bancos privatizados,
somente os interessados em comprá-los, que participam do processo de privatização consultando o
"data room", têm acesso a essas informações.
Evidentemente, para o ABN, que
já havia comprado o Banco Real
neste ano, o Bandepe representou
um bom negócio.
(SQ)
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