São Paulo, domingo, 20 de dezembro de 1998

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Banespa pode obter crédito de R$ 400 mi

da Reportagem Local

Um dos mais cotados na lista dos bons negócios é o Banespa (Banco do Estado de São Paulo). Com privatização prevista para o ano que vem, o banco guarda um presente em torno de R$ 400 milhões para quem comprá-lo.
Esse é o valor que o analista de bancos do Bozano, Simonsen, Pedro Guimarães, estima que o Banespa tenha de créditos tributários. O Banespa tem R$ 1,12 bilhão em ações da Cesp -a companhia elétrica de São Paulo.
Mas o preço dessas ações despencou no mercado e isso tem impacto direto sobre o IR devido pelo banco. Só no decorrer deste ano, as ações preferenciais da Cesp (que não têm direito a voto) caíram 52% -considerando a última cotação de dezembro de 97 e a de sexta-feira, segundo a Economática.
Mas o Banespa não realizou esse prejuízo, ou seja, as ações continuam na carteira do banco. Dessa forma, o banco não pode lançar a redução do preço como prejuízo na contabilidade fiscal, muito embora seja obrigado a apontar a redução na contabilidade social, provisionando a perda.
Assim, o lucro cai, ou até aponta prejuízo -como aconteceu nas últimas demonstrações do Banespa-, mas o banco continua pagando IR sobre o total, já que o prejuízo não se realizou. Isso vai se transformar em crédito tributário, explica Guimarães. "E muito provavelmente terá grande influência sobre a venda do banco", diz o analista.
No mais recente exemplo de banco oficial vendido, o Bandepe (Banco do Estado de Pernambuco) foi adquirido pelo holandês ABN-Amro pelo preço mínimo: R$ 182,9 milhões. O crédito tributário fica perto dos R$ 180 milhões, segundo Guimarães, por causa dos prejuízos passados que a instituição amargou.
Agora, saneado e vendido, o banco ainda dará ao comprador a possibilidade de não depositar compulsórios sobre depósitos à vista e a prazo por cerca de seis meses.
Mas as informações sobre esses créditos são confidenciais. Mesmo quando os balanços publicados mostram que houve uma reversão de créditos, normalmente não explicam do que se trata exatamente. No caso dos bancos privatizados, somente os interessados em comprá-los, que participam do processo de privatização consultando o "data room", têm acesso a essas informações.
Evidentemente, para o ABN, que já havia comprado o Banco Real neste ano, o Bandepe representou um bom negócio. (SQ)



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