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CÂMBIO
Autoridade monetária reduz intervenção a favor do real, e moeda americana cai 2,15%, com analistas prevendo novas quedas
BC recua e dólar tem maior queda em 5 meses
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Nem foi preciso que o BC deixasse de atuar no câmbio. Bastou
a autoridade monetária diminuir
o peso de sua intervenção no mercado para que o dólar desabasse.
O dólar perdeu 2,15% de seu valor
diante do real ontem, fechando a
semana a R$ 2,278. Foi a maior
queda da moeda em cinco meses.
O Banco Central ofereceu em
contratos de "swap cambial reverso" ontem apenas US$ 200 milhões -metade do que vinha leiloando diariamente. O "swap
cambial reverso" tem o efeito de
compra de dólares no mercado
futuro. Na prática, é como se o BC
tivesse comprado US$ 200 milhões a menos do mercado futuro.
No entendimento de analistas
financeiros, o BC sinalizou que
pode não estar mais com muito
fôlego para continuar intervindo
pesadamente no mercado de
câmbio. E sem o BC, o dólar tende
a cair rápida e pesadamente.
"A taxa de câmbio está distorcida há algum tempo devido às pesadas atuações do BC", afirma
Alexandre Maia, economista-chefe da GAP Asset Management.
"Com atuações mais brandas, a
tendência é a apreciação do real.
Acho factível o dólar ir a R$ 2,15
no curto prazo", diz Maia.
O BC também comprou dólares
diretamente dos bancos ontem,
em volume estimado em US$ 100
milhões. Mas as intervenções se
mostraram tímidas para deter a
queda da moeda dos EUA.
"A decisão do BC, de reduzir a
oferta de swap cambial, deverá ter
um impacto no dólar, que tende a
se enfraquecer ante o real", afirmava o departamento de pesquisas econômicas do Bradesco, em
relatório, antes da abertura dos
negócios de ontem.
O sinal do BC, de que pode estar
com pouca munição para seguir
duelando com o mercado, tende a
elevar ainda mais as apostas dos
investidores estrangeiros na apreciação do real. Os estrangeiros
têm ampliado muito suas posições vendidas em dólar, especialmente desde novembro. As posições vendidas em dólar aumentam quando os investidores confiam na valorização do real.
De US$ 8,51 bilhões no começo
do ano, as posições vendidas líquidas dos estrangeiros na BM&F
saltaram a US$ 10,16 bilhões na última quinta. Há um ano, quando
ninguém esperava que o dólar
caísse tanto, essas posições eram
de US$ 3,55 bilhões.
"Se na segunda o BC oferecer
apenas US$ 200 milhões de
"swap", o dólar vai cair ainda
mais", disse João Medeiros, diretor de câmbio da corretora Pionner, antes de o BC anunciar que
leiloará no máximo US$ 200 milhões na segunda.
No começo de dezembro, o BC
intensificou suas atuações no
mercado de câmbio, passando a
ofertar cerca de US$ 600 milhões
em "swap cambial reverso" por
dia. Há cerca de um mês, o BC reduziu o volume de papéis leiloados para US$ 400 milhões por dia.
Ontem foram só US$ 200 milhões.
Analistas avaliam que intervir
no mercado de câmbio por meio
de "swap cambial reverso" vem
sendo pouco eficaz e muito caro.
Quando vende "swap cambial reverso", o BC troca sua dívida cambial por uma atrelada aos juros.
Ou seja, diminuiu a parcela da dívida pública indexada ao câmbio
e eleva a atrelada aos juros. Como
os juros reais (descontada a inflação) do Brasil são disparados os
maiores do mundo (em torno dos
12% anuais), esse negócio acaba
saindo caro para o governo.
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