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Operação dá perda de R$ 800 mi ao Banco Central
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central teve um prejuízo de R$ 794 milhões nas primeiras duas semanas do ano com
suas operações no mercado de
derivativos, uma das armas usadas para tentar conter a queda do
dólar. O valor foi pago aos bancos
que fazem esse tipo de transação
com a autoridade monetária.
As perdas ocorreram por causa
do efeito que a atuação do BC nas
últimas semanas teve sobre a dívida pública: até o ano passado,
parte dos títulos do governo em
circulação no país era corrigida
pelo dólar. Ou seja, quando o dólar subia, a dívida também subia.
Em 2005, porém, o BC começou
a fazer as chamadas operações de
"swap" cambial reverso. Nos contratos, fica estabelecido que os
bancos envolvidos na transação
devem pagar ao BC toda a variação registrada pelo dólar num determinado espaço de tempo. Em
troca, o BC remunera os investidores com os juros que se acumularem nesse mesmo período.
Ou seja, quando o dólar subir, o
BC terá ganhos e vice-versa. O objetivo do BC era, justamente, forçar a alta da moeda dos EUA, já
que a negociação de um contrato
de "swap" cambial reverso tem
efeito similar ao da compra de dólares no mercado futuro.
Mas há também o efeito fiscal:
cada vez que o BC faz uma aplicação em dólar, a parcela do endividamento do governo corrigida
pelo câmbio se reduz.
Números oficiais ainda não são
conhecidos, mas estima-se que,
no final de 2005, toda a dívida
cambial assumida pelo governo
no mercado interno já havia sido
zerada por causa das operações
de "swap" cambial.
Ainda assim, o BC continuou
com a venda diária desses contratos -ontem, foram colocados
mais US$ 200 milhões. Assim,
quando considerada apenas sua
dívida interna, o governo ficou
"vendido" em dólar: sempre que
o dólar cair, o efeito sobre os cofres públicos será negativo.
Nas duas primeiras semanas de
janeiro, o dólar caiu 2,82%, e o BC
perdeu R$ 794 milhões com suas
operações de "swap".
Apesar do efeito fiscal negativo
que a ação do BC apresentou até
agora, também há benefícios. "O
BC juntou o útil ao agradável", diz
Alexandre Póvoa, diretor da Póvoa Asset Management. O "útil",
no caso, foi justamente o fim da
dívida interna corrigida pelo dólar. Apesar das perdas registradas
neste início do ano, é vantajoso
para o governo ter seu endividamento pouco atrelado ao câmbio,
pois, caso uma crise leve a uma
disparada do dólar, o efeito fiscal
da queda do real seria mínimo.
Além disso, diz Póvoa, é preciso
enxergar além dos custos fiscais
que a ação do BC tem no curto
prazo. "O que teria acontecido se
o BC não tivesse feito isso [vendido contratos de "swap" reverso]?"
Segundo o economista, a atuação do BC impediu que a cotação
do dólar caísse ainda mais, o que
poderia ter trazido problemas para alguns setores empresariais.
"[O custo fiscal das operações do
BC] é um subsídio disfarçado ao
exportador", diz Póvoa, ao ressaltar que, quanto mais valorizado o
dólar, menor é a competitividade
do produto brasileiro no exterior.
Os contratos de "swap" sofrem
ajustes diariamente -prejuízos
ou ganhos auferidos pelo BC precisam ser desembolsados imediatamente. Perdas sofridas pelo BC
são cobertas pelo Tesouro.
Procurado, o BC informou, por
meio de sua assessoria, que não
comentaria o assunto.
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