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Viabilização do
plano depende
do Congresso
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A viabilização de boa parte
do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) depende do Congresso Nacional. Esse é um dos motivos
que fizeram o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva retardar sua reforma ministerial para fevereiro.
Antes de nomear seus novos ministros políticos, o
presidente Lula quer a garantia de seus partidos de
que vão trabalhar pela aprovação das medidas do programa elaborado para tentar
obter no seu segundo mandato taxas mais elevadas de
crescimento da economia
brasileira.
A primeira reação já será
sentida amanhã, quando o
presidente reúne os representantes dos partidos que
vão integrar seu "governo de
coalizão" para apresentar o
conjunto de medidas. Em seguida, será a vez dos governadores.
Entre as propostas, duas
são fundamentais para garantir o equilíbrio das contas
públicas a partir do ano que
vem: a prorrogação da CPMF
(o chamado imposto do cheque, com alíquota de 0,38%)
e da DRU -Desvinculação
de Receitas da União, mecanismo que autoriza o governo federal a gastar livremente 20% de suas receitas vinculadas.
Para prorrogá-las, o governo Lula tem de aprovar uma
proposta de emenda constitucional no Congresso. Para
que isso ocorra, precisa dos
votos de três quintos da Câmara e do Senado -as duas
medidas deixam de existir no
final deste ano.
Lula foi pressionado pelos
partidos aliados a promover
sua reforma ministerial no
ano passado, mas resistiu para aguardar a definição dos
novos presidentes da Câmara e do Senado e iniciar as negociações em torno do seu
plano de segundo mandato.
Segundo a Folha apurou, o
presidente começa os contatos oficiais com os partidos
políticos a partir do dia 5 de
fevereiro. Até lá, saberá o nome dos novos comandantes
do Congresso Nacional e as
primeiras reações do Legislativo ao programa para ampliar o crescimento.
Ministros envolvidos nas
primeiras sondagens têm dito, reservadamente, que o
partido a ser agraciado com
ministérios terá de assumir a
responsabilidade de trabalhar pela aprovação das medidas do governo. Caso contrário, ou a nomeação não
sairá ou o ministro deverá
ser trocado.
Havia uma expectativa de
que pelo menos os principais
integrantes da equipe econômica -Guido Mantega (Fazenda), Paulo Bernardo (Planejamento) e Henrique Meirelles (Banco Central)- fossem confirmados no dia da
divulgação das medidas. Isso, porém, ainda não estava
totalmente decidido.
Lula preferia aguardar a
montagem de todo o seu time para confirmá-los oficialmente no segundo mandato,
apesar de reservadamente já
ter revelado a auxiliares que
não mudará a sua equipe
econômica.
Testes
Além da CPMF e da DRU,
outras medidas polêmicas
testarão a base aliada do governo Lula em seu segundo
mandato. Para colocar um
freio no aumento dos gastos
com pessoal dos Três Poderes -Executivo, Legislativo e
Judiciário-, por exemplo, o
governo terá de aprovar um
projeto de lei complementar.
Tradicionalmente, servidores públicos conseguem
exercer uma forte pressão no
Congresso em votações de
projetos de seu interesse. No
caso da proposta do PAC, a
pressão deve ser ainda maior
porque o governo pretende
limitar o aumento do funcionalismo público dos Três Poderes ao mesmo tempo.
Outro teste será a votação
da nova política de reajuste
do salário mínimo. O fato de
ela ter sido acertada previamente com as centrais sindicais deverá facilitar a vida do
governo.
(VALDO CRUZ)
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