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Fusão de Bolsas deve criar a 10ª maior empresa do país
Mercado vê a possibilidade apenas de troca de ações entre Bovespa e BM&F
Fusão seria passo antes de entrar em novos negócios, como compensação de moedas, e outros mercados na América Latina
DA REPORTAGEM LOCAL
A fusão de Bovespa Holding e
Bolsa de Mercadorias & Futuros, vista como um dos maiores
negócios do mercado em 2008,
criaria a 10ª empresa em valor
de mercado no país. Considerando os preços de fechamento
de suas ações ontem, juntas as
companhias valem aproximadamente R$ 35,25 bilhões.
Com isso, a "super-Bolsa" ficaria à frente de companhias como Gerdau, CPFL Energia, Vivo e Embraer.
A integração das atividades
das duas Bolsas diminuiria seus
custos e elevaria sua força para
adquirir participação em outras companhias. Analistas
também comentam a expectativa de que a nova Bolsa saia, no
futuro, à caça de oportunidades
para adentrar em outros mercados latino-americanos.
Na noite de terça-feira, Bovespa e BM&F informaram que
iniciaram "conversações" para
integrar suas atividades. O prazo máximo estipulado para as
negociações é de 60 dias.
No mercado, a expectativa
corrente é que a integração se
dê por meio de troca de ações,
sendo que ainda está incerto
qual das duas Bolsas deve prevalecer. O fato de os controladores serem praticamente os
mesmos (corretoras de valores
e bancos) facilita a negociação.
As duas Bolsas também devem criar uma grande câmara
de compensação de valores,
com a possibilidade de dar suporte a negócios de outros mercados, como o câmbio.
"Nitidamente, é um trabalho
para criar uma "super-Bolsa"
para atender todo o mercado
doméstico e se preparar para
receber investimento estratégico externo [de outras Bolsas].
[A super-Bolsa] Reduzirá custos, se tornará ainda mais competitiva, poderá diminuir preços e prestar um serviço melhor para o mercado", afirma
Ricardo Humberto Rocha, do
Ibmec-SP.
"As empresas sempre buscam aumentos de eficiência e
produtividade. Entendo, assim,
como natural e até benéfica essa fusão entre as Bolsas brasileiras. Uma Bolsa mais sólida
ajuda a atrair mais capital para
o mercado", afirma Alex Agostini, da Austin Rating. "Uma
vez concluída essa operação, fica até mais fácil para que a nova
Bolsa parta para ter participações em outras atividades."
Para o pequeno investidor,
um negócio como esse pode representar a possibilidade de ser
acionista de uma empresa mais
sólida e rentável, com custos
administrativos menores e a
possibilidade de aumento de
receita com o crescimento do
mercado.
Ao menos no pregão de ontem, o investidor sentiu o efeito
inicial da operação. As ações ordinárias (com direito a voto) da
BM&F valorizaram-se em
15,40%, e as da Bovespa Holding tiveram alta de 10,18%.
Para os analisas da corretora
Planner, que considerou a integração das atividades como
"muito positiva", o mais provável é que a Bovespa faça uma
oferta pela BM&F. Na avaliação deles, haveria duas formas
de essa operação ser efetivada.
A primeira é a Bovespa utilizar R$ 1,5 bilhão que tem em
caixa e oferecer mais 535 milhões de ações pela BM&F. A
outra é a Bovespa ofertar 600
milhões de suas ações pela
BM&F.
(FABRICIO VIEIRA e TONI SCIARRETTA)
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