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São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 2003

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Guerra rápida preserva parcerias no comércio

DA REPORTAGEM LOCAL

Se for rápida, a guerra não deve afetar significativamente a economia dos Estados Unidos, os preços do petróleo e a configuração das relações comerciais com seus tradicionais parceiros, avaliam analistas americanos.
Para Lawrence Meyer, professor do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais dos Estados Unidos, o único país que pode sofrer boicotes, ainda que informais, é a França. "Duvido que aconteça algum tipo de bloqueio em relação aos produtos europeus. Quem deve sofrer mais é a França. Há muita hostilidade aqui em relação à posição francesa nesta guerra", diz Meyer.
O grande teste da guerra, diz, será o desempenho da economia americana depois que ela acabar. Meyer avalia que, se a guerra representar um fracasso para a economia americana, o presidente George W. Bush pode seguir o caminho de seu pai e perder as eleições. "Se a economia não melhorar, ou se for afetada ainda mais pela guerra, vai contar nas próximas eleições. A economia será uma das principais questões nos Estados Unidos."

Energia
Outra questão estratégica será o petróleo, diz Ron Gold, vice-presidente da Fundação de Pesquisa da Indústria do Petróleo, um instituto sem fins lucrativos mantido por 32 empresas petrolíferas. Segundo ele, a produção atual de petróleo do Iraque -1,7 milhão de barris diários- já representa praticamente sua capacidade total de produção. Isso significa que, mesmo com o fim do embargo imposto pela ONU (Organização das Nações Unidas) ao país, a produção não crescerá muito. O acréscimo de petróleo no mercado mundial após a guerra não seria, portanto, suficiente para determinar a queda no preço do produto.

Risco
Segundo ele, dependendo dos estragos que sofrerem os poços de petróleo iraquianos, a produção poderá até mesmo cair. "Na primeira Guerra do Golfo, os poços de petróleo do Kuait foram incendiados, e levou quase um ano para que retomassem sua capacidade total."
A percepção do mercado, diz Gold, é que a guerra causa menos preocupações do que causaram a longa greve que atingiu a Venezuela, paralisando a produção de petróleo no país, e o frio do inverno americano, que aumentou o uso de combustível para aquecimento. "O principal risco que enfrentamos agora é o de uma interrupção no transporte."


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