São Paulo, domingo, 21 de março de 2004

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RETOMADA

Segundo estudo, incremento foi de 21,4% em relação ao ano anterior; base de comparação fraca ajuda no resultado

Empresas argentinas vendem mais em 2003

CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES

As empresas argentinas registraram uma recuperação generalizada nas vendas em 2003, ano em que a economia (após quatro quedas consecutivas) cresceu 8,7%. Menos da metade delas, porém, conseguiu retomar os valores registrados em dólar em 2001, antes do apogeu da crise.
É o que mostra um levantamento realizado pela consultoria Economática Argentina, com dados sobre os balanços de 63 empresas de capital aberto (com ações em Bolsa) em mais de 15 setores, entre os quais os de alimentos e bebidas, eletroeletrônico e têxtil.
Em média, o incremento nas vendas em 2003 foi de 21,4% em comparação ao ano anterior, registrando, em valores brutos, US$ 21,6 bilhões. Mas, apesar do crescimento, apenas 31,7% das empresas ultrapassaram as vendas de 2001, que, em valores brutos, foram de US$ 31,2 bilhões.
Em 2001, havia paridade cambial -um peso valia um dólar. Já em 2003, uma empresa que vendeu US$ 10 milhões comercializou o triplo em pesos.
O setor que apresentou maior variação entre 2002 e 2003 foi o de eletroeletrônicos: 110%. As vendas subiram de US$ 12,3 milhões para US$ 25,9 milhões.
As empresas de alimentos e bebidas também obtiveram resultados significativos: venderam US$ 994,9 milhões, contra US$ 731,1 no ano anterior, alta de 36,08%.
Outro setor com bons resultados foi o têxtil, que aumentou em 94,9% as vendas, chegando a US$ 93,9 milhões em 2003.
"O ano de 2002 foi o pior período da história da produção argentina. Por isso é preciso ter cuidado com comparações", disse Alejandro Sampayo, presidente da Federação de Indústrias Têxteis.
Apesar de questionar o alcance do levantamento, Sampayo concorda que houve uma recuperação. "Há um crescimento sensível de 2002 a 2003, que terminou com níveis de atividade ligeiramente similares aos de 1996."
Em valores brutos, obteve melhor performance, de longe, o setor de petróleo e gás, com vendas de US$ 10,1 bilhões -24,4% a mais que em 2002.
Em seguida, aparecem as empresas de telecomunicações, que venderam o equivalente a US$ 2,2 bilhões em 2003 ante US$ 2 bilhões no ano anterior. No entanto, a variação, de 6,1%, foi uma das menores se comparada aos demais setores.
O mesmo ocorreu com o setor de energia elétrica, que teve um aumento nas vendas de 4,7%, chegando a US$ 942,8 milhões.
"As empresas de serviços públicos, como as de energia elétrica e de telecomunicações, têm as tarifas congeladas por decisão do governo", explicou o analista Gabriel Serio, da Economática.

Reforço
Os números do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados pelo Indec, o órgão de estatística do governo, reforçam a recuperação apontada pelo levantamento.
O setor produtor de bens registrou um aumento de 14,4% nas vendas, equivalente a 81,76 milhões de pesos, depois de ter fechado 2002 com uma queda de 11,7%. Esse crescimento foi impulsionado pela indústria manufatureira e, em seguida, pela agroindústria -com reativação de 15,8% e 6,9%, respectivamente.
A melhora da atividade industrial, por sua vez, foi estimulada pelo mercado interno. Segundo o Indec, o consumo privado cresceu 8,1% em 2003 -o equivalente a 167,91 milhões de pesos. Em 2002, havia caído 14,4%.
O levantamento mostra que apenas dois setores obtiveram prejuízos nas vendas -o de software e o de transporte. "O caso das empresas de transporte é similar aos de energia elétrica e telecomunicações", disse Serio.
"No caso do software, o levantamento não é significativo já que abarca uma só empresa. Ainda que o software tenha sido um setor muito prejudicado pela recessão, essa tendência foi se invertendo no último ano. Muitas empresas aproveitaram a mão-de-obra barata em termos de dólares para exportar seus serviços."


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